quinta-feira, 27 de agosto de 2009

(Em memória do Capitão Salgueiro Maia e do cantor José Afonso)

Conheces o gosto da anona? E o cheiro do incenso em flor nas noites húmidas? Talvez. Mas com certeza não serás capaz de os explicar. Nem eu nem ninguém. Existem coisas assim: os sabores, os cheiros, as cores, os sentimentos... Há muitos milha­res de palavras, mas nenhumas são suficientes para dizer aquilo que só quando se sente se sabe como é. Eu gostaria de inventar as palavras que faltam à nossa Língua, a todas as línguas do Mundo, para falar de Abril. Em Portugal. Num dia com cravos a florir nas espingardas, porque ninguém queria usá-Ias para matar.

Estavam cansados da guerra, uma guerra má como todas as guerras. Em Angola e em Moçambique e na Guiné. Era o medo em Portugal. Havia verdades que era proibido dizer. Havia muita gente que mal tinha que comer. Havia muita gente sem casa onde morar.

Foi na madrugada de 25 de Abril de 1974. Os homens que mandavam neste país, e que não queriam que ele mudasse, talvez dormissem àquela hora sem sonhar com o que ia aconte­cer. No rádio, uma canção começou: "Grândola, Vila Morena". (Uma revolta que começa com uma canção, sobretudo uma canção como aquela, tem de ser uma revolta boa). Era o sinal combinado. Os militares saíram dos quartéis para dizer ao governo que não o suportavam mais, mas ainda não se sabia quantos portugueses estavam no mesmo lado. Logo se perce­beu que eram quase todos, afinal.

E a revolução tornou-se numa festa tão bonita que esse dia foi um dos mais belos da História de Portugal. Foi uma alegria tão grande que se chegou a pensar ter valido a pena tanto tempo de sofrimento e medo para que ela acontecesse...

Mas não! A água mais apetecida é a que se bebe depois de uma longa e penosa sede, e ninguém se deixa estar dois ou três dias sem beber só para ter um gosto enorme ao beber...

Se eu pudesse inventar as palavras que faltam à nossa Língua para dizer isto melhor, nunca mais haveria alguém capaz de duvidar de como foi lindo aquele dia, nunca mais nin­guém haveria de permitir que alguma coisa, neste país, se parecesse com as coisas ruins de antes. E muito depressa se mudaria o que ainda não houve tempo de mudar.
José Afonso

No tempo da vergonha, ele era a paz,
E tinha a cor dos cravos já na voz.
Ninguém como ele foi então capaz
De ser tão puramente todos nós.
Salgueiro Maia

“Aqui tendes a herança que vos dou,
Um caminho onde todos são iguais.
Eu voltarei a ser isto que sou:
Um português igual a tantos mais.”

(Na manhã de 25 de Abril de 1974, faltou-me um abraço que certamente seria imenso... Como meu Pai gostaria de ter vivido essa manhã de todas as manhãs!...)

«Descobrir o essencial»

Por: MANUEL GIRALDES Alem mar
Em tempos de consumismo desenfreado, muita gente sente a necessidade de recuperar o lado gratuito da vida, de encontrar trocas que não sejam mediadas pelo omnipotente e omnipresente cifrão. Por vezes, tudo começa com uma crise, uma sensação de mal-estar enxertada de um vago desejo de mudança. Geralmente, o que se busca é um sentido. Algo que não se compra no centro comercial nem se vende na loja de marca.
Mónica estava muito bem a tirar o seu curso quando lhe surgiu uma dessas vagas de inquietação. Ao decidir ir para a Guiné, ao abrigo de um programa de cooperação ligeiro feito a pensar em jovens universitários - que passa por projectos pontuais, como a formação de professores, o apoio à criação de bibliotecas e o trabalho com crianças -, a família e os amigos não acreditaram lá muito nas suas motivações: «Isso é porque estás chateada, porque não consegues emprego, porque queres ir para freira...»
Foi. Reincidiu, ao ir para Angola. E a experiência mudou-a: «A primeira vez que se chega a África, a sensação é brutal, porque tudo está mais em bruto. Mas parece que o sentido da vida nos é oferecido de bandeja. Porque nos sentimos úteis, porque não somos anónimos, porque aprendemos a relativizar as coisas e chegamos muito mais facilmente ao que é essencial, em nós e nos outros. Não ter água ou luz torna-se relativo. Por exemplo, no Hospital Simões Mendes, as mulheres tinham uma única refeição por dia, mas ofereciam-me do seu arroz. Agora, cá, não tenho coragem de dizer que não me apetece um bife com batatas fritas...»
Mónica não pensa que ir para a África seja uma panaceia universal. Adverte: «Se o impacto for verdadeiro, ao voltarmos obrigamo-nos a agir.» Ela assim fez. Ao regressar, passou a fazer parte da equipa do Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária (ISU), uma organização não governamental que, entre várias actividades, apoia a integração dos estudantes provenientes dos países lusófonos, faz cooperação para o desenvolvimento e dá formação a candidatos a voluntários.
Não, o voluntariado não é uma espécie de aspirina para os males da sociedade moderna ou as angústias existenciais de cada um. Se não houver um compromisso bem ponderado e consciente, nunca se passa das boas mas vagas intenções.

Prazer de ser voluntário

Nos dias de hoje falar de trabalho voluntário ou simplesmente voluntariado, não é tarefa fácil. As múltiplas solicitações e dispersões que nos rodeiam – TV, Vídeo, cinema, desporto, computador...-, muito ajudam a justificar a falta de tempo e, de modo algum contribuem para que haja motivação dirigida para dispor de tempo dedicado aos que de nós possam necessitar. Desde muito cedo, e permanentemente, ouvimos dizer: “tudo tem um custo”, “a vida está cara” ou “há que trabalhar para ganhar o pão de cada dia” e tudo nos orienta o comportamento para a necessidade do dinheiro, de o ganhar para obter uma mais valia material. Alguém verá, ao ler estas palavras, algum ‘fatalismo’, que no futuro apenas teremos uma sociedade despersonalizada, onde o dinheiro será o objectivo supremo do homem – a verdade é que, em parte e para muitos, já o é. Devemos combater a tendência a tudo relativizar com base no dinheiro e ter presente que é no homem e nos seus valores que está a aposta numa vida mais saudável e feliz. Esta orientação deve ser seguida desde muito cedo e uma excelente escola de aprendizagem é sem dúvida a ocupação de tempos livres dedicada, de forma voluntária e gratuita, em favor de pessoas mais carenciadas. Mas para que se possa aderir ao voluntariado, que devemos definir como trabalho não remunerado, é necessário reunir, no mínimo, três condições: ter um objectivo, haver motivação e concretizar um projecto. No primeiro há uma visão clara do que se pretende fazer e dos resultados a obter. Mas tudo exige uma motivação e uma força interior que vença dificuldades e permita, por vezes, que nos superemos a nós próprios, como que (re)descobrindo-nos. Por último, a concretização de um trabalho de voluntariado exige um projecto (pessoal ou inserido num grupo) onde se concretizam os valores pessoais e evidenciam (ou revelam) as capacidades de cada um ao serviço do próximo.

Ser voluntário é....
É regar todos os dias seres para conseguirem ter a capacidade de semearem brincadeiras e florirem sorrisos. É tornar radiantes os dias de chuva e colorir momentos marcantes.
Ser voluntário é ser uma torrada quente que salta todos os dias numa linda manhã para alimentar quem mais necessita. É fantasiar um mundo feliz e alegre para evitar medos e receios e criar felicidade. É mostrar que voar, pular, brincar e ajudar é importante.
É partilhar um coração com vários coraçõezinhos, é despertar o bom que há em nós e nos outros, é ajudar e ser ajudado, é estar presente, é dedicar e aprender. Ser voluntário é ser responsável, interessado e corajoso, é ter sentimentos, é demonstrar que se pode ter valor e ser um diamante nos bolsos dos outros, é ser bondoso sem receber nada em troca, é ter um coração GIGANTE, é sentir-se útil.
Ser voluntário é ter alguém com quem falar e ajudar, é uma maneira de relativizar os próprios problemas e dar atenção a outros mais graves. É tentar dar o dia de amanhã, ontem ou hoje.
Ser esta fantástica pessoa é mostrar que quem espera sempre alcança e que nesse dia irá estar presente sem perder a esperança, sonhando com o final feliz que todos esperam a cada segundo que passa.
Seja voluntário e ajude quem precise!
Há tantas pessoas a precisar da sua ajuda, junte-se a nós e ajude. Ajude com um simples gesto carinhoso todos os dias e tornar-se-á uma pessoa ainda mais feliz e útil.

Lembre-se que hoje é você a ajudar mas amanhã poderá ser você a precisar de ajuda!

Joana Beites. Os caminhantes

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quem criou os dinossauros? Terá sido Deus ou o Diabo?

O ano autárquico de 2009 vai ficar marcado pela despedida de alguns munícipes que estão à frente das câmaras, alguns desde 1974. Os “dinossauros” terão a última oportunidade de ir às urnas,uma vez que em 2013 os presidentes de câmara e de junta de freguesia que já tiverem cumpridos três mandatos consecutivo ficarão excluídos da corrida,dando cumprimento à lei nª46/2005 que foi sancionada em Janeiro de 2006.
Alguns autarcas classificam a lei como «um atentado à democracia», dá para rir. Existem mais de 200 autarcas nesta situação em Portugal. Retirando vantagem de dominar por dentro o sistema, estes "dinossauros" da política sucessivamente se recandidatavam e cada mandato que passava era pior que o anterior. Perdiam a ética e a dignidade dos mandatos iniciais, criavam comunhão de interesses duvidosos, recandidatavam-se nem que fosse como independentes e contra os partidos que inicialmente os acolheram, enfim,tudo servia para se perpetuarem no cargo. Como consequência, cada vez temos menos políticos de valor, cada vez mais o cidadão comum está mais descrente, cada vez mais os índices de abstenção são maiores. Coloca-se em causa o próprio funcionamento da própria democracia. Com o cumprimento da lei em 2013 a “Ética” regressa nas autárquicas, porém se não houver uma conscientização política e nos cafés se discutir só futebol e nos salões de chás da terrinha de Camões o assunto do dia for telenovelas, decididamente teremos mais Isaltinos, Felgueiras, Avelinos, Valentins , Gouveias, Joãos Mouratos no poder. Esta lei é de grande valia. Os autarcas devem legislar conforme os interesses gerais das populações, e não de grupos e interesses.
Dinossauros do poder local nunca mais...

“Música – Método de Cura Corporal e Espiritual”

O ser da vida e do mundo é vibração é ressonância. Estas são comuns ao corpo e à alma de cada um dos nossos seres e ao existente. Na pauta de notas da vida trata-se de descobrir a nota de que se é eco para se poder entrar na solfejação geral e assim dar voz à sinfonia da vida universal. Uma vez entrados na onda trata-se de seguir o ritmo que nos conduz ao inefável, ao indelével. A música é, no seu verdadeiro sentido da palavra, bálsamo da alma. Ela conduz-nos ao limiar do espírito.
O ouvido é o primeiro sentido já em acção no ventre materno e o último a deixar-nos no fenecer. Através dele o mundo exterior chega ao mais profundo de nós mesmos.
A música cria grande ressonância nos vários areais cerebrais activando uns e desligando o centro do medo e activando o da lembrança.
A música não pode ser reduzida a caixote do lixo de sentimentos negativos e de frustrações nem tão-pouco a estímulo de sexo (Pop), nem a alienação de intelectuais (música clássica). Naturalmente que também tudo isto tem o seu sentido, não se esgotando aqui. Música é expressão do divino e meio de cura. Ela é a voz de Deus a vibrar quando nós entramos na ressonância do sentir, tornando-nos eco a agir.
Ao ouvirmos música sentimos coisas maravilhosas quer quando estamos sãos quer quando doentes e abertos ao milagre. A música, se não cura, melhora o nosso estado de saúde. Nos conventos, para entrarmos num estado de harmonia corporal e espiritual começa-se logo de manha por cantar o gregoriano. O canto chão, um poço monocórdico acompanha momentos importantes do dia.
A música consegue desatar, em nós, nós psico-fisiológicos e desenvolver forças curativas, como nos revela a harpa de David quando tocava para o seu rei depressivo. Muitos dos curandeiros da antiguidade e modernos utilizam os seus instrumentos musicais e o seu canto para curar. Também em muitas clínicas ou hospitais se usa a música como elemento sedativo e curativo.
Não só as vacas dão mais leite ao som de música clássica mas também as hormonas de stress diminuem no sangue dos pacientes e “surgem menos complicações depois das operações” como testemunham cirurgiões de clínicas em que se usa a música também como calmante. A música estimula o cérebro a predispor-nos para a mudança. A música encontra a sua ressonância no cérebro tornando-o flexível para o experimentável.
Daí a importância da promoção da música na escola e por todo o lado. Todo o educador, pai e mãe, se deveria preocupar por iniciar o educando, o mais cedo possível, na música. Esta aumenta a empatia e a inteligência.
Investigações feitas na clínica neuropsicológica da Universidade de Heidelberg na Alemanha chegaram à conclusão de que, com música, a massa cinzenta aumenta e as células nervosas adquirem maiores conexões, melhorando o intercâmbio entre os dois globos cerebrais. Além disso o sistema imune é estimulado e os acessos à memória e ao inconsciente são abertos pela música.
O mesmo se dá através da música litúrgica e da dança no que respeita ao ingresso na mística e no equilíbrio de corpo alma. O ritmo e a harmonia conduzem-nos à vibração e à ressonância com o todo. A música consegue desfazer os encrostações materiais conduzindo-nos ao limiar espiritual em que tudo é relação, amor, como se constata na fórmula trinitária. Na vibração forma-se a personalidade. A medicina chinesa opera muito com os campos energéticos e com o seu fluir. A terapia consiste em restabelecer a harmonia e o fluxo.
Toda a mãe canta instintivamente para a criança que sofre ou que se encontra em desequilíbrio. Segundo investigações feitas pela psicóloga Sandra Trehub, o canto provoca a diminuição das hormonas de stress por bastante mais tempo do que a fala.
A música abre as janelas do corpo e da alma: desbloqueia areais cerebrais e ajuda a recordação, aumentando em 30 % a capacidade de armazenagem do cérebro.
No mundo tudo vibra também as células cantam conseguindo a ciência distinguir já entre o cantar das células sãs e o barulho das cancerígenas. Oliver Sacks observou em todas as experiências que fez com pacientes Parkinson e pacientes com problemas de fala, que “a música actua como um precursor exterior”. Ela deixa no nosso cérebro como que pautas indeléveis que possibilitam o reatar de relações, orgânica ou psicologicamente, interrompidas.
A música ajuda a introspecção e auxilia-nos a chegar ao lugar do silêncio e da quietude em nós, ao lugar da criatividade, do amor divino. Daí surge a onda da gratidão, do milagre. Aí se ouve a voz que segreda no sossego e se repete nas ondas do oceano… Ela pode ajudar-nos a chegar ao nosso meio, ao meio do mundo, a Deus. Então, ouviremos em nós o vibrar do universo e a ressonância do diálogo trinitário baixinho do tudo em todos.
António da Cunha Duarte Justo
jornal mundo lusíada.

domingo, 23 de agosto de 2009

Como construir uma máquina do tempo.

Reportagem edição 5 - Outubro 2002
Não é fácil, mas também não é impossível.
por Paul Davies.
O gerador buraco de minhoca/rebocador foi imaginado pelo artista futurista Peter Bollinger. Esta pintura descreve um gigantesco acelerador de partículas espacial capaz de criar, aumentar e mover o buraco de minhoca para ser usado como máquina do tempo.
Viagens no tempo são um tema popular da ficção científica desde que H.G. Wells escreveu A Máquina do Tempo, em 1895. Mas esses deslocamentos são possíveis? Está dentro das possibilidades do homem a construção de uma máquina capaz de transportá-lo para o passado e o futuro? Durante muitas décadas as viagens no tempo ficaram fora dos limites da ciência mais respeitável. Mas, nos últimos anos, o assunto começou a ser discutido com frequência cada vez maior pelos físicos teóricos. Em parte, eles fazem isso para se distrair - é divertido pensar sobre viagens no tempo. Mas há um lado sério.
Compreender a relação entre causa e efeito é parte das tentativas para a formulação de uma teoria unificada para a física. Se as viagens do tempo forem possíveis, mesmo em princípio, a natureza dessa teoria unificada será drasticamente afectada. Começamos a entender melhor o tempo depois que Einstein formulou suas teorias da relatividade. Antes do aparecimento dessas teorias, considerava-se o tempo como absoluto e universal. Era igual para todos, mesmo se as circunstâncias físicas fossem diferentes. Na teoria da relatividade especial, Einstein propôs que o intervalo entre duas etapas depende da maneira como o observador se desloca. Isso é crucial. Quando dois observadores se movem de maneiras diferentes, experimentam durações diferentes.
Descreve-se este efeito frequentemente com o chamado "paradoxo dos gêmeos". Vamos dizer que João e Maria sejam irmãos gêmeos. Maria viaja numa nave em velocidades altíssimas até uma estrela e regressa à Terra. João continua em casa. Para Maria, a viagem durou um ano. Mas, quando ela retorna, descobre que se passaram dez anos na Terra. O seu irmão está nove anos mais velho que ela. João e Maria não têm mais a mesma idade, apesar de nascidos no mesmo dia. Este exemplo, de certa maneira, mostra uma viagem no tempo, mesmo limitada. Maria deu um salto de nove anos no futuro da Terra.
JET LAG
Este efeito, conhecido como dilatação do tempo, ocorre sempre que dois observadores se movimentam um em relação ao outro. No dia-a-dia não observamos grandes variações, porque o efeito só é perceptível quando o movimento ocorre em velocidades próximas à da luz. Nas velocidades dos aviões comerciais, a dilatação do tempo, numa viagem normal, corresponde a alguns poucos nanossegundos, o que não é suficiente para inspirar romances de ficção científica. De qualquer maneira, os relógios atômicos têm precisão suficiente para registrar a mudança e confirmam que o movimento realmente afecta o tempo. Assim, a viagem ao futuro é um facto comprovado, embora ainda não em grandes proporções. Para observar saltos no tempo verdadeiramente impressionantes, é preciso olhar além do domínio da experiência normal. Partículas atómicas podem ser empurradas para velocidades próximas à da luz nos grandes aceleradores. Algumas dessas partículas, como os múons, têm relógios internos e decaem com uma meia-vida bem definida. É possível observar múons em velocidades altíssimas nos aceleradores decaindo em câmera lenta, o que confirma mais uma vez a teoria de Einstein. Da mesma maneira, raios cósmicos também apresentam saltos espectaculares no tempo. Essas partículas movem-se a velocidades tão próximas da luz que, para o ponto de vista dos seus relógios internos, atravessam a galáxia em alguns segundos, embora para a referência da Terra pareça levar milhares de anos. Se não houvesse dilação do tempo, essas partículas nunca chegariam aqui. A velocidade é uma maneira de saltar no tempo. Mas existe outra: a gravidade. Na teoria da relatividade geral, Einstein sugeriu que a gravidade faz com que o tempo escoe mais devagar. Os relógios andam um pouco mais depressa no sótão que no porão, que está mais próximo do centro da Terra e, portanto, mais no interior do seu campo gravitacional. De acordo com o mesmo princípio, os relógios andam mais depressa no espaço que no solo. O efeito é mínimo, mas já foi confirmado com o uso de relógios de altíssima precisão. Aliás, ele é levado em conta no Sistema de Posicionamento Global (GPS). Se não fosse, o fenômeno levaria motoristas, marinheiros e mísseis teleguiados a cometer erros de quilômetros no caminho para seus destinos.
Na superfície de uma estrela de neutroes a gravidade é tão intensa que o tempo corre cerca de 30% mais lentamente, em relação à Terra. Visto dessa estrela, um fato pareceria acontecer com a velocidade fast-forward de um aparelho de vídeo. O buraco negro apresenta o máximo em termos de distorção do tempo. Na superfície do buraco, o tempo parece estar parado em relação à Terra. Isso significa que se você cair num buraco negro, de uma distância pequena, toda a iternidade passará diante dos seus olhos no curto espaço que atravessará para atingir a superfície. A região no interior do buraco negro está além do extremo do tempo, no que diz respeito ao universo de fora. Se um astronauta conseguisse chegar bem perto de um buraco negro e voltar inteiro - uma possibilidade muito difícil, para não dizer suicida - daria um salto muito além no futuro.
SOLUÇÃO DE GODEL
Até agora venho discutindo a viagem no tempo para a frente, para o futuro. E para trás, para o passado?
Isso é muito mais problemático. Em 1948, Kurt Godel, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, apresentou uma solução para as equações dos campos gravitacionais de Einstein que descrevia um universo em rotação. Num universo desse tipo, um astronauta poderia chegar ao seu passado atravessando o espaço. Isso ocorreria devido à maneira como a gravidade afecta a luz.
A rotação do universo puxaria a luz (e assim as relações causais entre os objectos) consigo, em seu movimento. Um objecto material viajaria no espaço num círculo fechado, que seria também um círculo fechado no tempo. A solução de Godel foi considerada apenas uma curiosidade matemática, pois, em nenhum momento, as observações levaram à conclusão de que o universo gira em torno de si. Mas seu resultado serviu para mostrar que voltar atrás no tempo não é algo proibido pela teoria da relatividade.
VIAGEM PELO BURACO DE MINHOCA
Uma Máquina do Tempo de Buraco de Minhoca em Três Etapas, Nenhuma das Quais Muito Fácil
1 - Encontre ou monte um buraco de minhoca, um túnel que liga dois pontos no espaço. Pode ser que buracos de minhoca de grande porte existam no espaço profundo, herança do Big-Bang. Se não encontrar nenhum, vamos ter que nos contentar com buracos de minhoca subatómicos, ou naturais (de acordo com algumas teorias, eles aparecem e desaparecem rapidamente em nosso redor) ou artificiais (produzidos por aceleradores de partículas). Esses buracos de minhoca pequeninos teriam de ser aumentados até atingir proporções úteis, talvez pelo uso de campos de energia como o que fez o espaço inflar logo depois do Big-Bang.
2 - Estabilize o buraco de minhoca. Uma infusão de energia negativa, produzida por meios quânticos como o chamado efeito Casimir, permitiria a passagem segura de um sinal ou um objecto através do buraco de minhoca. A energia negativa controla a tendência do buraco de minhoca de chegar a um ponto de densidade infinita ou quase infinita. Em resumo, impede que o buraco de minhoca se transforme em buraco negro.
3 - Transporte o buraco de minhoca. Uma aeronave, com tecnologia muito avançada, separaria as aberturas do buraco de minhoca. Uma abertura seria colocada junto à superfície de uma estrela de neutrões, uma estrela de altíssima densidade, com campo gravitacional muito forte.
A gravidade intensa faz com que o tempo corra mais devagar. Como o tempo corre mais depressa na outra abertura, os dois extremos do buraco de minhoca ficam separados não só no espaço, mas também no tempo.
VIAGEM PELO BURACO DE MINHOCA
Há outros cenários capazes de visualizar situações que permitiriam viagens ao passado. Em 1974, por exemplo, Frank Tipler, da Universidade Tulane, calculou que um cilindro maciço, infinitamente comprido, girando em torno do seu eixo em velocidades próximas à da luz, permitiria visões do passado, mais uma vez porque a luz seria puxada em torno do cilindro, formando um círculo. Em 1991, Richard Gott, da Universidade Princeton, sugeriu que as cordas cósmicas - estruturas que de acordo com os cosmólogos foram criadas nos estágios iniciais do Big-Bang - poderiam produzir efeitos semelhantes. O cenário mais próximo da realidade para a existência de uma máquina no tempo surgiu, porém, em meados da década de 80, com base no conceito do buraco de minhoca.Os buracos de minhoca são comuns nos livros de ficção científica, onde aparecem também com o nome de portões espaciais. Trata-se de atalhos entre dois pontos separados no espaço. Se você entrar em um buraco de minhoca, sairá rapidamente no outro lado da galáxia. Os buracos de minhoca estão de acordo com a teoria da relatividade geral, uma vez que a gravidade não distorce só o tempo, mas também o espaço. A teoria permite a existência de análogos a túneis ligando dois pontos no espaço. Os matemáticos chamam esses tipos de espaço de multiplamente conectados. Como um túnel numa montanha pode ser mais curto que a estrada na superfície, um buraco de minhoca pode ser mais curto que um percurso pelo espaço normal.
TRANSFORMANDO O PASSADO
O paradoxo da mãe, formulado às vezes usando outras relações familiares, surge quando uma pessoa ou objecto pode voltar atrás no tempo e alterar o passado. Uma versão mais simples é apresentada com bolas de bilhar. Uma bola de bilhar passa através de uma máquina do tempo de buraco de minhoca. Ao sair da abertura, atinge ela mesma, como era no passado, impedindo, assim, sua entrada no buraco de minhoca. A Mãe de Todos os Paradoxos. A solução do paradoxo vem de um facto simples: a bola de bilhar não pode fazer nada que não esteja de acordo com a lógica ou com as leis da física. Não pode passar pelo buraco de minhoca de uma maneira capaz de impedir a própria passagem pelo buraco de minhoca. Nada impede, porém, que passe pelo buraco de minhoca numa infinidade de outras maneiras.O buraco de minhoca foi usado como recurso de ficção por Carl Sagan em seu romance Contacto, publicado em 1985. Incentivados por Sagan, Kip Thorne e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia se dedicaram ao trabalho de verificar se os buracos de minhoca seriam possíveis pelas leis da física. Partiram da idéia de que o buraco de minhoca lembraria o buraco negro, por ser um objecto com imensa gravidade. Mas, ao contrário do buraco negro, que oferece apenas uma viagem só de ida para o nada, o buraco de minhoca teria saída, além de entrada.
MATÉRIA EXÓTICA
Para que o buraco de minhoca permita a passagem de um objecto, deve conter o que Thorne chamou de matéria exótica. Na prática, trata-se de algo que gere antigravidade, para combater a tendencia natural de um sistema maciço para implodir, transformando-se num buraco negro. A antigravidade, ou repulsão gravitacional, pode ser gerada por energia ou pressão negativas. Sabe-se que existem estados de energia negativa em certos sistemas quanticos. Isso sugere que a matéria exótica de Thorne não é inteiramente afastada pelas leis da física, embora não seja claro se é possível juntar material antigravitacional suficiente para estabilizar um buraco de minhoca. Logo Thorne e seus colegas chegaram à conclusão de que se um buraco de minhoca pode ser criado, pode também ser transformado rapidamente numa máquina do tempo. Para adaptar o buraco de minhoca às viagens pelo tempo, uma de suas aberturas poderia ser rebocada até uma estrela de neutrões e colocada perto da superfície. A gravidade da estrela tornaria o tempo mais lento perto da abertura, fazendo com que uma diferença de tempo entre as duas aberturas fosse aumentando gradualmente. Se as duas aberturas fossem estacionadas, essa diferença de tempo seria mantida.
Vamos supor que a diferença fosse de dez anos. Uma pessoa que passasse pelo buraco de minhoca numa direcção sairia dez anos no futuro. Se passasse na outra direção, sairia dez anos no passado. Se voltasse ao ponto de partida em alta velocidade, através do espaço normal, a segunda pessoa poderia voltar para casa antes mesmo de ter partido. Em outros termos, um círculo fechado no espaço poderia transformar-se num círculo fechado no tempo. A única restrição seria a de que a pessoa não poderia voltar a uma época anterior à construção do buraco de minhoca.
Um problema no caminho da construção de um buraco de minhoca como máquina do tempo é, em primeiro lugar, a criação do próprio buraco de minhoca. É possível que o espaço esteja cheio dessas estruturas, criadas naturalmente como relíquias do Big-Bang. Se for esse o caso, uma supercivilização pode descobrir e tomar conta de uma delas. Outra possibilidade é a de que os buracos de minhoca apareçam em pequenas escalas, o chamado comprimento Planck, cerca de 1020a potência, menores que um núcleo atómico. Um buraco de minhoca desse tamanho pode ser imobilizado por um pulso de energia e, depois, aumentado até chegar a dimensões em que possa ser usado.
CENSURADO
Partindo do princípio de que os problemas de engenharia possam ser superados, a construção de uma máquina do tempo abriria uma caixa de Pandora de paradoxos causais. Vamos imaginar que um viajante do tempo vá ao passado e mata a sua mãe quando ela era ainda menina. Que sentido tirar disso? Se a menina morre, não pode crescer e dar à luz ao viajante. Mas, se o viajante não nasceu, como pode voltar ao passado e matar a mãe? Paradoxos deste tipo só surgem quando o viajante tenta mudar o passado, o que é obviamente impossível. Mas isso não impede que alguém se torne parte do passado. Vamos supor que o viajante volte ao passado para salvar a menina que se tornaria sua mãe de ser assassinada. Este círculo causal é coerente e não representa um paradoxo. A coerência causal pode impor restrições ao que um viajante no tempo pode fazer no passado. Mas não impede as viagens no tempo. Mas, mesmo sem paradoxos, uma viagem no tempo pode ter consequencias estranhas. Vamos imaginar uma pessoa que dê um salto de um ano para o futuro e lê um artigo sobre um novo teorema matemático numa edição futura de SCIENTIFIC AMERICAN. Toma nota dos detalhes, volta ao seu tempo e ensina o teorema a um aluno, que então escreve um artigo sobre o assunto para a revista. Surge a pergunta: de onde veio a informação sobre o teorema? Não foi do viajante, que apenas leu sobre o assunto, e também não foi do aluno, que recebeu a informação do viajante. A informação parece ter surgido do nada. As possíveis consequencias das viagens no tempo levam cientistas a rejeitar em princípio a própria idéia desses deslocamentos. Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, propos uma "conjectura de protecção da cronologia", com mais ou menos esse objectivo. Como a teoria da relatividade permite as viagens ao passado, a proteção da cronologia exigiria a presença de outro factor para impedir sua realização. A resposta pode estar em processos quanticos. Numa máquina do tempo, partículas saltariam para seu próprio passado. Cálculos sugerem que isso criaria distúrbios tão grandes que apareceria uma erupção súbita de energia, capaz de destruir o próprio buraco de minhoca.
Mas a protecção da cronologia continua a ser apenas uma conjectura. Em teoria, as viagens no tempo são possíveis. A solução definitiva do assunto pode ter que esperar a união com sucesso da mecanica quantica com a gravitação, talvez por meio de uma teoria como a teoria das cordas ou sua extensão, a chamada teoria-M. Podemos imaginar que a próxima geração de aceleradores de partículas será capaz de criar buracos de minhoca subatómicos. Eles poderiam sobreviver por tempo suficiente para que partículas próximas executem rápidos círculos causais. Isso estaria muito longe do que Wells imaginou como uma máquina do tempo. Mas já seria suficiente para transformar definitivamente nosso panorama da realidade física.
Resumo
- Viajar no tempo para o futuro é fácil. Se você viajar numa velocidade próxima à da luz ou permanecer num campo gravitacional muito intenso, o tempo vai passar mais devagar para você que para as outras pessoas. Quando voce voltar à situação normal, estará no futuro.
- Viajar para o passado é mais complicado. Pela teoria da relatividade, isso é possível em certas configurações de espaço-tempo: um universo em rotação, um cilindro em rotação e num buraco de minhoca - um túnel que atravessa o espaço e o tempo.
SCIENTIFIC AMERICAN Brasil

sábado, 22 de agosto de 2009

O meu maior tormento...


Transtorno do Pânico

O Transtorno do Pânico (TP) atinge actualmente de 3% a 4% da população mundial, na maioria pessoas jovens, na faixa etária de 21 a 40 anos, sendo observado um grau de incidência maior nas mulheres, na proporção de 3 mulheres para cada homem, sendo assim considerado um problema sério de saúde. Como seus sintomas são confundidos com o de outras doenças orgânicas e psiquiátricas, como por exemplos: insuficiência coronária, hipertireoidismo e distúrbio psiquiátrico de ansiedade generalizada; o portador TP é levado a consultar vários especialistas, bem como, por solicitação destes, fazer vários exames; para no final receber o seguinte diagnóstico:




" O senhor é uma pessoa absolutamente saudável do ponto de vista clínico, contudo deve estar um pouco estafado e stressado devido a sua profissão. Aconselho o senhor a tirar umas férias para se recuperar."



Não podemos culpar os médicos que nos dão um parecer como este, isto por que, o TP não pode ser diagnosticado através dos exames solicitados por eles. Contudo, por experiência própria, é de vital importância que o indivíduo faça esta via-crucis entre os consultório médicos e exames, para debelar a possibilidade de que esteja com alguma doença grave e se conscientize de que esta gozando de óptima saúde física para que então dê início a seu tratamento do TP.


Sintomas físicos de um ataque de Pânico


Um ataque de pânico dura de 15 a 30 minutos e pode, em sua maioria, apresentar todos os sintomas a seguir:




  • Vertigens ou sensação de desmaio



  • Tontura, atordoamento, náusea, desconforto abdominal.



  • Calafrios ou ondas de calor ou sudorese.



  • Medo de morrer.



  • Medo de perder o controlo e enlouquecer.



  • Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento).



  • Palpitações ou ritmo cardíaco acelarado.



  • Dor ou desconforto no peito.



  • Sensações de falta de ar ou afogamento.



  • Boca seca e uma vontade imensa de beber água



  • Confusão e pensamento rápido



  • Contrações, tensões e espasmos musculares e rijeza.



  • Dor de cabeça.



  • Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (estar distante de si mesmo).



  • Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes a
    acontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento .


Se você ou um parente ou amigo possui 7 ou mais dos sintomas apresentados acima, aconselhamos procurar um profissional de saúde mental para que ele possa diagnosticar se você é um portador de TP ou não, e caso seja, providenciar tratamento adequado.


Diagnóstico


Devem ser observados alguns critérios para diagnosticar um paciente como sendo portador de TP, sejam eles:




  • Um episódio isolado de uma ataque de pânico não preenche as condições necessárias para o diagnóstico de TP.



  • Os sintomas que caracterizam o ataque não deve ser gerado por uma situação ou acontecimento externo.



  • Quando sofrer o ataque apresentar 7 ou mais dos sintomas citados acima (principalmente medo de morrer ou de perder o controle)



  • Como muitos dos sintomas coincidem com o de outras doenças orgânicas e psiquiátricas é necessário uma bateria de exames para descartar ou confirmar a possibilidade da existência de uma destas doenças.


Se você deseja ver a lista de doenças orgânicas e psiquiátricas que tem sintomas e sinais parecidos com os do TP click aqui.


A explicação científica para as Crises de Pânico


A teoria actualmente defendida para explicar as crises de Pânico é que existe um desequilíbrio na produção de dois neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina, que são responsáveis pela comunicação entre os neurônios (células do sistema nervoso). Este desequilíbrio faz com que ocorram erros no envio de informações que determinam a execução de todas as actividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: sentir, andar, pensar, etc.). Quando esta informação errada é processada pelo cérebro faz com que o sistema de alerta do nosso organismo seja aCtivado, alertando e preparando o organismo para se defender de uma ameaça ou perigo inexistente.


Tratamento para o Transtorno do Pânico


Cada caso é um caso, se falando do tratamento de TP, ou seja, o especialista vai, de acordo com o grau em que se encontra o paciente, adoptar, dentre vários tratamentos, o que melhor se adequar ao paciente. Mas podemos resumir o tratamento em três fases:




1ª Fase - Bloqueio dos Ataques

Nesta fase são utilizados medicamentos que bloquearam os ataques ou os reduziram

na sua freqüência e intensidade, restabelecendo o equilíbrio bioquímico cerebral.

2ª Fase - Psicoterapia

Nesta fase são utilizadas terapias de relaxamento e exposição cognitiva para o paciente superar

as fobias desenvolvidas durante as crises.
3ª Fase - Descontinuidade dos medicamentos e conscientização do paciente

Esta fase visa a descontinuidade da medicação e conscientização do paciente de que ele pode ter

uma vida normal como qualquer ser humano, embora não haja até o momento, cura para o T.P.,

cabendo ao paciente aprender a conviver com a TP sem a necessidade dos medicamentos.

Com relação ao tempo de duração de um tratamento de TP, os médicos, em sua grande maioria, estipulam um período entre 6 meses a 2 anos, dependendo do grau em que se encontra o paciente, com posterior suspensão gradativa dos medicamentos e reavaliação se caso as crises de pânico voltarem a ocorrer. Estudos mostram que apesar de adotados estes critérios o índice de recaída após a suspensão dos medicamentos varia entre 20 a 50% dos pacientes.


Deve-se levar em consideração que um dos principais factores para o sucesso do tratamento é bem estar do paciente com o mesmo. Para tanto, o paciente tem que procurar se informar sobre todas as peculiaridades relativo ao transtorno do Pânico. Aconselho a leitura de livros que abordem o assunto, fazer pesquisa na internet e participar de lista de discussão sobre TP, bem como, utilizar-se de várias terapias alternativas que ajudaram no tratamento.


Este aprofundamento de conhecimento sobre TP trará e dará uma maior confiança e segurança ao portado de TP, pós através deste obterá as respostas para as suas perguntas, que muitas vezes não são respondidas ou esclaredas nas consultas. E já posso lhe adiantar uma resposta, a uma pergunta comum, feita por todos que descobrem que são portadores de TP: o transtorno de pânico não mata, embora que no momento de uma crise de pânico, você tem a sensação de que irá morrer. Outro factor importante é a escolha do profissional de saúde mental que irá conduzir o tratamento, isto inclui, o desenvolvimento de uma boa relação médico-paciente para que juntos superem todas as adversidades que venham a surgir no decorrer do tratamento e possam avaliar os resultados do mesmo.


Quanto ao custo do tratamento podemos afirmar que é, lamentavelmente, caro, tendo em vista que os planos de saúde, actualmente, não cobre este tipo de especialidade clínica e que o sistema de saúde pública é muito deficitário se falando de tratamento psiquiátrico. Uma boa notícia é que já existe alguns centro de tratamento gratuitos e, também, grupos de auto-ajuda (GAA) do tipo Alcoólicos anônimos.


Como escolher seu médico


Um grande problema para a maioria dos portadores de TP é encontrar um Psiquiatra ou Psicólogo competente, já que não estamos acostumados a sair por ai afora, solicitando indicações de um bom psiquiatra, pelo motivo que a sociedade tachou este profissional como sendo um médico que trata de loucos.


O quê fazer então para encontrar um bom profissional ?


Antes de responder esta pergunta devemos entender bem a diferença entre um Psiquiatra e um Psicólogo. O Psiquiatra é doutor em medicina que pode prescrever medicamentos, sendo este o profissional que ira cuidar da parte do tratamento que envolve restabelecer o equilíbrio bioquímico cerebral. Quanto ao Psicólogo este é um profissional também de nível superior, que como o Psiquiatra trata de distúrbios mentais, contudo não pode prescrever medicamentos. Cabendo ao Psicólogo o tratamento psicoterapéutico. Isto posto, podemos responder a pergunta do parágrafo anterior.


Procure primeiramente pelo Psicólogo, por que é mais fácil de encontrar alguém que indique um bom. Marque uma consulta com este, deixe que ele o analise. Faça perguntas sobre o seu problema, veja se ele lhe passa segurança em suas respostas. Ao final, após sair do consultoria, faça uma pequena, mais importante análise, veja se você se sentiu a vontade, seguro e confiante com este profissional, ou seja, você deve utilizar a intuição para a escolha de seu Psicólogo, o mesmo vale para e Psiquiatra. Após escolhido o Psicólogo ele fará uma análise do seu grau de TP e ele lhe indicará um bom Psiquiatra, que juntos cuidarão de seu tratamento.


Medicação utilizada no tratamento do TP


Actualmente são utilizados medicamentos psicotrópicos como os antidepressivos associados a ansiolíticos no tratamento do TP, já que ainda não existe um medicação específica para o tratamento do TP.


É muito importante que paciente se conscientize que o facto de estar tomando uma medicação controlada, não implicará em uma dependência física deste medicamento para sempre. O único cuidado a ser seguido é observar e seguir as orientações de posologia prescritas pelo médico, e relatar os possíveis sinais de reações adversas da medicação, para que médico faça os possíveis ajustes ou substituição da medicação se necessário. Contudo, vale ressaltar que nas primeiras semanas é normal o aparecimento de algumas reações adversas da medicação que desaparecerão nas semanas seguintes.


IMPORTANTE:




  • Não se automedique. Somente o seu médico tem conhecimento sobre a medicação adequada para você.



  • Não pare de tomar a medicação sem antes consultar seu médico, isto pode prejudicar o seu tratamento.



  • Não aceite sugestão de outro portador de TP para tomar a medicação a qual ele se adaptou, por que, não necessariamente o quê é bom para ele será para você.


Se você deseja ver a lista de medicamentos actualmente utilizados no tratamento do TP click aqui.


Lista de discussão do TP


Para saber sobre listas de discussão sobre TP na internet click aqui.


Livros sobre transtorno do pânico


Vídeos sobre TP



Fonte: Google

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A vida...


Nós humanos somos seres estranhos. Nunca estamos felizes com nada. Vivemos sempre buscando algo que não temos, e o que temos já não nos importa. Algo como: a felicidade está em um patamar acima do nosso e estamos sempre a buscá-la. Enfim, por mais que tenhamos bens, saúde, uma família, sempre falta algo. Que seja algo distante, que seja impossível, pois será isso que iremos desejar, ainda que o que precisamos, de facto, esteja ao alcance de nossas mãos.
Carros, casas, bens, dinheiro, dinheiro. Seria essa a definição ideal de felicidade? Não sei, a resposta não é tão simples. Talvez a felicidade não se resuma nessas coisas, em bens materias, embora estas coisas ajudem muito. Talvez, as coisas mais mais valiosas que temos são os amores. Não amores carnais apenas, paixões, mas sim amores, amores pelo simples viver, do amanhecer de um dia, de uma vida envolta de prazeres simplórios, e que não são necessariamente relacionados a dinheiro. reconheço que isso é filosófico demais, mas é a realidade. Afinal, a vida deve ser encarada como um simplicidade impressionante, porque a vida é mesmo complexa. Mas é difícil ver simplicidade na vida, porque, aliás, a felicidade é, além de tudo, complexa.
Quando criança, eu queria ser adulto, mas por que cargas d’água hoje eu gostaria de ser criança? Por que sentimos falta daquilo que tivemos, e que sempre desejamos descartar?
Afinal, o que te faz feliz? O que nos faz feliz? O que é ser feliz?
Talvez seja a esperança de saber que o amanhã poderá ser melhor, e é por isso que batalhamos hoje. É, talvez ser feliz seja isso: viver o que temos pra viver da maneira que podemos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O medo à morte é um medo ao Nada


“Não acredito em Deus, mas sinto-Lhe a falta”. Começa assim o último livro do romancista britânico Julian Barnes, autor de obras como Amor, etc. ou Arthur & George.Nele, o escritor, que até hoje se considera agnóstico mas que antes foi ateu, decidiu enfrentar o medo da morte perguntando-se: como pode um agnóstico temer a morte se não acredita que haja uma vida depois desta? Como se pode ter medo do Nada?A partir destas perguntas, que o jornal The New York Times publicou, Barnes elaborou uma elegante memória da sua vida e uma meditação sobre Deus e a tanatofobia, que não deixa ninguém indiferente.Sob o título “Nothing to be frightened of” (Nada a recear), a obra é um percurso pela vida familiar, uma troca de ideias com o seu irmão (o filósofo Jonathan Barnes, uma reflexão sobre a mortalidade e o medo da morte, uma comemoração da arte, uma dissertação sobre Deus e uma homenagem a outro escritor, o francês Jules Renard.

Desassossego e tanatofobia
Barnes, que sofre de tanatofobia (medo da morte persistente, anormal e injustificado), pensa diariamente na sua morte ou imagina-se em situações em que morreria, como apanhado entre as mandíbulas de um crocodilo ou num navio que se afunda. A morte cria-lhe um grande desassossego: teme a diminuição da energia, que a fonte seque, que se desvaneça a luz. “Olho em redor, as minhas amizades, e posso ver que a maioria delas já não são amizades mas, pelo contrário, a lembrança da amizade que tivemos”.Barnes, que viveu a velhice dos seus pais e a sua morte, escreve também que “apesar de na vida nos libertarmos dos pais, eles parecem reclamar-nos na morte”.Mas, para o escritor, a fé religiosa não é uma opção para todo este desassossego e diz “não tenho fé a perder… Nunca fui baptizado nem frequentei a catequese aos domingos. Nunca fui à missa… e entro constantemente nas igrejas só por razões arquitectónicas”.

Religião moderna
Para Barnes, a religião cristã perdurou unicamente porque é “uma bela mentira… uma tragédia com um final feliz”. Mas as alternativas modernas à fé cristã também não o confortam.O autor fala, por exemplo, das terapias como formas contemporâneas de religião. Delas diz: “o céu secular moderno da auto-realização, do desenvolvimento da personalidade, das relações que nos ajudem a definir-nos, de um trabalho com certo status… o acumular de aventuras sexuais, de idas ao ginásio, de consumo de cultura. Tudo isto nos aproxima da felicidade, não é verdade? Este é o mito em que queremos acreditar”.Barnes só encontra consolo na ciência, que diz: todos estamos a morrer. Até o sol. O homo sapiens está a evoluir para novas espécies às quais não importa quem fomos, nem qual foi a nossa arte ou a nossa literatura. Qualquer saber cairá no completo esquecimento. Cada autor chegará a converter-se num autor não-lido.Definitivamente, diz Barnes, as pessoas podem temer a sua própria morte mas, na verdade, o que somos? Simplesmente um conjunto de neurónios. O cérebro não é mais que carne e a alma é, simplesmente, “um relato que o cérebro conta a si mesmo”.

Entrar e sair
Quanto à individualidade, esta não é mais que uma ilusão. Os cientistas nem sequer encontraram evidências da existência do “eu”, assinala Barnes, que é algo que dizemos a nós mesmos. Não criamos pensamentos, mas os pensamentos criam-nos a nós próprios. O “eu” que tanto amamos, só existe na gramática.Barnes afirma, por outro lado, que não existe separação alguma entre “nós” e o universo. Somos só matéria, unidades de “obediência genética”. A sabedoria, segundo ele, consistiria em assumir isto e em “não pretender mais nada, em descartar o artifício…” Da mesma forma que os artistas, quando atingem a maturidade, ficam com a simplicidade.Assim entra o autor na idade adulta, com estas reflexões sobre a mortalidade humana e a maneira de a enfrentar, conversando com os leitores sobre o medo mais universal, segundo o Washington Post.“A morte é para mim o único aspecto espantoso que define a vida. A menos que não estejamos completamente conscientes dela, não é possível chegar a compreender em que consiste a vida, a menos que se saiba e se sinta que os dias de vinho e rosas são limitados, que o vinho azedará e as rosas murcharão na sua água pestilenta antes de tudo ser abandonado para sempre, não haverá contexto para que estes prazeres e curiosidades nos acompanhem no caminho para o cemitério”.Enfrentar a realidade da morte é tão impactante, que Barnes assegura invejar as pessoas que o fazem com fé. Certamente, aqueles que desfrutam do dom da fé religiosa contam com uma vantagem face aos que a não têm. O crente moribundo atravessará uma porta de entrada, enquanto que o resto dos mortais verão na morte só uma porta de saída.

Yaiza Martínez


A MORTE AFLIGE O HOMEM
A morte é fonte de dramas, interrogações, medo, angústia, revolta.

Acima: Pormenor de pintura hindu representando Kali, a deusa associada à destruição e morte