domingo, 18 de outubro de 2009

Finalmente livres!

E finalmente parece que nos livramos de vez do Sr. Mourato! Foram 24 anos de luta que custou a passar mas agora felizmente a nossa terra respira bem e já não tem expectoração! Ufa! Obrigada a todas pela coragem e pela força.

"Não devemos ser escravos de um padrão, de uma época, de um costume. Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade. "
(Luiz Márcio M. Martins)


Vamos sentir o coração bater mais forte quando pronunciarmos a palavra:
LI-BER-DA-DE!
Agora, sim.
Continuemos a festejar, por muitos anos, o nosso conjunto. O que nos une. O que somos:
LIVRES!

domingo, 4 de outubro de 2009

The Doors”, de Oliver Stone: retrato mítico ou difamação?

O filme “The Doors”, dirigido por Oliver Stone, ganhou vida em 1991 e tem Val Kilmer no papel de Jim Morrison. Alguns defendem que o trabalho de Kilmer se aproxima da perfeição; outros dizem que o filme ofusca a presença dos outros integrantes do The Doors; outros tantos afirmam que o filme é uma difamação da figura de Morrison e de toda a banda. Bem, diante de posições tão diversas, só tenho a concordar com todas elas.
O trabalho de Val Kilmer é mesmo extraordinário, a ponto de se ver em algumas cenas uma semelhança inegável com o Morrison real. Ademais, os próprios Ray Manzarek e John Densmore (teclista e baterista do Doors) elogiaram publicamente a performance de Kilmer.
Ray Manzarek, mesmo com críticas positivas sobre o actor, não se cansa de defender que o Jim Morrison retratado no filme não é muito fiel ao original. Em vários veículos de comunicação (programas de Tv. americanos, revistas especializadas e até mesmo em seu livro “Light My Fire” – lançado com a intenção de desmistificar Morrison), Manzarek admite que Stone realçou a parte mítica que envolveu a banda, levando ao público um Morrison sombrio, cansativamente ébrio, desprovido de toda a bagagem intelectual que adquiriu em vida e excessivamente dramático.
Soma-se a isto, o facto de algumas cenas terem sido inventadas, conforme atesta Manzarek: a cena do incêndio (onde Jim coloca fogo no armário com sua namorada Pamela Curson dentro), a cena do almoço (onde Pamela ameaça esfaquear Jim) e a cena em que “Light My Fire” é vendida a um comercial como jingle (e Morrison furioso atira uma televisão contra os colegas dentro do estúdio), NUNCA EXISTIRAM.
Compreendo (como fã dos The Doors – Jim Morrison) que a intenção de Oliver Stone era de fazer jus a imagem mítica e grandiosa que Jim criou para si mesmo. Afinal, alguém faria também um filme sobre Janis Joplin retratando seus momentos de sobriedade quotidiana? Mas, a intenção de justificar o personagem mítico resultou em inverdades e exageros.
Por exemplo, a influência xamânica de Morrison adquirida em um acidente de carro visto por ele na estrada, onde segundo o próprio, o espírito falecido do índio passou a lhe habitar, é uma história ou até mesmo uma fábula contada pelo cantor. Tal como o mistério acerca da entidade Mojo Risin e muitos outros aspectos, este episódio não é passível de comprovação efectiva.
Daí, para se fazer justiça a história enraizada na figura de Jim, Stone introduz uma cena onde Manzarek avista Morrison dançando com espíritos indígenas em um show. Inverdade? A cena foi baseada em um relato de Manzarek, que disse que em certo show, sentiu que a energia de Morrison havia desaparecido do palco. Isto exemplifica os tipos de exageros cometidos – a ponto de fazer Manzarek lançar um livro para desmenti-los.
Voltando a Jim, me pergunto se ao lugar de cenas duvidosas caberia mais exposição sobre sua bagagem intelectual. Pois, nada se falou de sua influência rimbaudiana, suas criações poéticas (salvo uma mísera referência a um de seus livros no final do filme) e suas performances baseadas em Artaud.
Ao lado das cenas que enaltecem a loucura e o vício, seria de bom grado vermos outras explicações. Pois, conforme as palavras de Paul Rothchild (produtor até 71 e um dos descobridores da banda), Jim era um literato e raramente era visto sem um livro nas mãos. Também este lançou livros em vida (“Uma oração americana”, “Os lordes e as novas criaturas” e “Abismos” – compilações de poesias soltas em cadernos antigos) e é assunto de artigos, testes e dissertações académicas em várias faculdades de todo o mundo.
Saberão os telespectadores, que o inesquecível show de Miami (onde culminou em caos total) ganhou vida graças a uma influência de Artaud? No imaginário, o tal do índio poderia ter lançado um “feitiço” final em Morrison. Mas, de fato, naquele espectáculo, Morrison tentava – ao seu modo enlouquecido – provocar a plateia, conforme o “Teatro da Crueldade”.
Enfim, o filme é até razoável. Ao seu modo, mostra a conturbada relação Morrison-Curson, os shows como rituais que muitas vezes eram, os vícios e a personalidade indomável e insana de Jim Morrison – todos estes verdadeiros. A questão é mais os exageros, lacunas e invencionices desnecessárias para sustentar a mistificação de Jim Morrison.
Dos aspectos positivos, pelo menos, Oliver Stone soube escalar o actor adequado, retratar os shows com bons efeitos e se esquivar das controvérsias acerca da morte do Rei Lagarto.
por: lopes da silva