quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A solidão...

Apesar de oferecer ao homem inumeráveis oportunidades de amadurecer e tornar-se um sujeito autónomo, è frequentemente receptáculo de valências negativas. É uma condição desagradável, por vezes assustadora, que frequentemente se torna um inimigo de quem se deve fugir a qualquer custo. Tudo isto visto como o resultado de uma maneira de viver caótica agravada também pela herança bíblica, consequência das acções pecaminosas operadas pelo indivíduo: então Adão e Eva são expulsos do paraíso e são condenados a uma vida de sofrimento e de dor. A dor da perda, da separação. A solidão, portanto, existe antes do homem. O óvulo, no momento da fecundação, está só. Assumido o património genético do companheiro, as reacções físico-químicas do organismo separam o óvulo dos outros espermatozóides e isolam-no definitivamente da população celular materna. É um organismo estranho que conserva o eco da mãe e do pai. A própria fecundação é promotora de separação. A partir da décima quarta semana, o embrião, que se chamará feto, está perdido no oceano do ventre materno, está só. No futuro, o nascimento, o crescimento, o estado adulto reevocam a solidão originária. Socialmente, então, reconhecemos com clareza a solidão. Pensemos nos milhões de crianças abandonadas no mundo que vagueiam sozinhas, sem una meta precisa. Os nossos velhos, quantos não são abandonados na cidade anónima? Quantas famílias, cada vez mais estranhos uns aos outros, vivem isoladas no horror da televisão. Quantos rapazes estão sós, na prisão dourada do seu PC. Quantas pessoas, "robotizadas" pelo trabalho, pela espada de Dâmocles do despedimento, pela desocupação, não são constrangidas a uma solidão forçada? O abandono e, portanto, a solidão, não poupam ninguém. O próprio Deus, sendo uno, está só.
fonte: google

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