segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Famosa placa de Auschwitz é roubada

VARSÓVIA - A placa de ferro onde os nazistas exibiam seu cínico slogan, "Arbeit Macht Frei" (O trabalho liberta), que ficava na entrada do campo de concentração de Auschwitz, foi roubada nesta madrugada, segundo a polícia da Polónia.

A chapa de 5 metros de largura e 40 quilos ficava no campo de concentração no sul polaco, onde morreram mais de 1 milhão de pessoas durante a Segunda Guerra (1939-45).Uma porta-voz da polícia informou que a placa foi desparafusada de um lado e arrancada do outro.
O facto foi imediatamente condenado por líderes judeus, na Polónia e no exterior.
"O roubo de um objecto tão simbólico é um ataque à memória do Holocausto, e uma escalada desses elementos que gostariam de nos levar de volta a dias mais sombrios", afirmou Avner Shalev, director do Yad Vashem, em comunicado de Jerusalém. O Yad Vashem é o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto.
O símbolo desapareceu do memorial de Auschwitz entre as 3h30 e 5h (hora local), segundo a porta-voz. Os ladrões aparentemente conheciam a área bem, acrescentou ela.
A polícia lançou uma caçada, utilizando mais de 20 investigadores e cães farejadores para buscar a placa. O local que antes era um campo de concentração mantém os abrigos, torres de controle e ruínas das câmaras de gás, para lembrar as atrocidades infligidas pelos nazistas alemães contra judeus, ciganos, entre outros.Uma réplica exacta da placa, feita pelo museu após a Segunda Guerra, foi imediatamente colocada no lugar da original. O signo original foi feito em 1940 por presos poloneses não-judeus de Auschwitz, segundo o museu.
O rabino-chefe da Polónia, Michael Schudrich, disse ter dificuldade de imaginar quem cometeria esse roubo e condenou a acção. "Seja quem fez isso, usurpou a memória mundial.
"O slogan "Arbeit Macht Frei" também era usado na entrada de outros campos de concentração nazistas, entre eles Dachau e Sachsenhausen.
O de Auschwitz, porém, é talvez o mais conhecido.Entre 1940 e 1945, mais de 1 milhão de pessoas, a maioria judeus, foram mortas ou morreram de fome e doenças enquanto faziam trabalhos forçados em Auschwitz, construído pelos nazistas na Polónia ocupada.
Hoje o lugar é um dos mais visitados por estrangeiros e polacos no país, com mais de 1 milhão de pessoas passando por ali anualmente.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

8 de Dezembro

08/12 - Aniversário de JIM MORRISON - 66 anos e assassinato de JOHN LENNON - 29 anos
Hoje, 08 de Dezembro, é um dia que todo bom rockeiro lembra: aniversário do letrista e vocalista xamã dos THE DOORS, JIM MORRISON, que completaria 66 anos hoje (08/12/1943), e morreu em Paris aos 27 anos dia 03/07/1971 e 29 anos do trágico assassinato do carismático e genial fundador dos THE BEATLES, JOHN LENNON em frente ao edifício Dakota em New York pelo fã psicopata Mark Chapman (08/12/1980). John Lennon completaria 69 anos este ano (09/10/1940). Falar da biografia de cada um e de sua importância para o rock é chover no molhado, o melhor mesmo é lembrar da música que estes dois extraordinários letristas e compositores criaram, para homenageá-los.

Movimento Zeitgeist

O Movimento Zeitgeist não é um movimento político, não reconhece nações, governos, raças, religiões, crenças ou classes. Os nossos conhecimentos actuais, concluem que estas são distinções falsas longe dos verdadeiros factores positivos para o potencial e evolução humana. A base destes valores é na divisão de poder e estratificação, não na igualdade e unidade, o que é o nosso objectivo.
O movimento é sobre consciência, na defesa de uma evolução fluida e progressiva, combinando o pessoal, social, tecnológico e espiritual.
O objectivo é revisar a nossa sociedade mundial de acordo com o conhecimento actual em todos os níveis, não só criando consciência das possibilidades sociais e tecnológicas que foram condicionadas para serem pensadas como "impossíveis" ou "contra a natureza humana", mas também providenciar um meio de ultrapassar estes elementos na sociedade que perpetuam estes sistemas obsoletos.
Respondendo de forma mais directa, o Movimento Zeitgeist é um movimento de acção social e esta pode ser feita através da educação, ou seja, a exposição da informação que o movimento defende para a população através de eventos de activismo, difusão de DVD, palestras, flyers, etc.
- 1º Passo, Entender
Para a iniciação neste movimento de acção social, é de necessidade quase empírica que o membro perceba bem o que o movimento advoga, através da absorção de variado conteúdo sobre variados assuntos relevantes à acção social que o movimento pratica. É necessário a reprogramação do subconsciente perpetuada pelas instituições dominantes, para isso é preciso ler, ver e ouvir bastante sobre assuntos relevantes, em baixo fica uma lista do que é necessário todo o membro ter a informação para manter um nível elevado de integridade e união no movimento.

> Ver Zeitgeist Addendum
> Ler Guia de orientação do Movimento (PDF)
> Ler Designing the Future (PDF)
> Ver Clip Designing the Future
> Ver palestra “Where are we now?”
> Ver palestra “Where are we going?”

Não se fiquem por aqui, procurem conteúdo como radioshows, palestras, etc. Quanto mais informação absorverem mais nítida será a vossa maneira de ver as coisas.
- 2º Passo, Seja Activista
Após ter completado o 1º Passo e iniciar o processo contínuo que é absorver informação, chega a altura de participar no movimento em si como activista. Ou seja, conheça a comunidade aparecendo em encontros regionais, participe nas reuniões do ventrilo, apareça no chat IRC, junte-se a uma equipa, participe em projectos, fique a par das notícias do movimento e organize eventos em coordenação com outros membros. Faça tudo o que achar que seja benéfico para o movimento e que seja aceite pelo mesmo.
Lembre-se que apesar do você já conter uma boa imagem do que é possível e o caminho a percorrer, muitos não o têm, aliás, a grande maioria da população actual, sejam políticos, militares, empresários de elite, juízes, jornalistas ou simples funcionários públicos, não fazem ideia do que se passa à sua volta e como ultrapassar essa situação. Todos eles foram condicionados desde muito novos para só ver uma ideia, pensar de só uma maneira, seguir só um procedimento, por outras palavras, tudo o que eles conhecem são produtos do Sistema Monetário, consequentemente o comportamento de tal gente pode ser alterado pela exposição contínua de informação de como as coisas funcionam, o que provocam e a sua solução viável. Para este efeito acima mencionado, toda a ajuda dos membros do movimento é necessária, pois a mudança social ocorre em comunidade e união com muita dedicação e paciência que requer uma esmagadora maioria. Se acham que isto é impossível, pensem nisto, o movimento Zeitgeist, quando se iniciou, tinha por volta de 3000 membros. De 6 a 8 meses depois já havia quebrado a barreira dos 300 000 membros... O crescimento é exponencial.
Basta 1 membro conseguir “Abrir os olhos” a duas pessoas, e essas duas pessoas a outras duas para criar um efeito de bola de neve imparável.



http://www.zeitgeistportugal.org/

domingo, 1 de novembro de 2009

reencontro de amigos...

Um exemplo de carinho, respeito e amor.
Integração do homem com a natureza.

domingo, 18 de outubro de 2009

Finalmente livres!

E finalmente parece que nos livramos de vez do Sr. Mourato! Foram 24 anos de luta que custou a passar mas agora felizmente a nossa terra respira bem e já não tem expectoração! Ufa! Obrigada a todas pela coragem e pela força.

"Não devemos ser escravos de um padrão, de uma época, de um costume. Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade. "
(Luiz Márcio M. Martins)


Vamos sentir o coração bater mais forte quando pronunciarmos a palavra:
LI-BER-DA-DE!
Agora, sim.
Continuemos a festejar, por muitos anos, o nosso conjunto. O que nos une. O que somos:
LIVRES!

domingo, 4 de outubro de 2009

The Doors”, de Oliver Stone: retrato mítico ou difamação?

O filme “The Doors”, dirigido por Oliver Stone, ganhou vida em 1991 e tem Val Kilmer no papel de Jim Morrison. Alguns defendem que o trabalho de Kilmer se aproxima da perfeição; outros dizem que o filme ofusca a presença dos outros integrantes do The Doors; outros tantos afirmam que o filme é uma difamação da figura de Morrison e de toda a banda. Bem, diante de posições tão diversas, só tenho a concordar com todas elas.
O trabalho de Val Kilmer é mesmo extraordinário, a ponto de se ver em algumas cenas uma semelhança inegável com o Morrison real. Ademais, os próprios Ray Manzarek e John Densmore (teclista e baterista do Doors) elogiaram publicamente a performance de Kilmer.
Ray Manzarek, mesmo com críticas positivas sobre o actor, não se cansa de defender que o Jim Morrison retratado no filme não é muito fiel ao original. Em vários veículos de comunicação (programas de Tv. americanos, revistas especializadas e até mesmo em seu livro “Light My Fire” – lançado com a intenção de desmistificar Morrison), Manzarek admite que Stone realçou a parte mítica que envolveu a banda, levando ao público um Morrison sombrio, cansativamente ébrio, desprovido de toda a bagagem intelectual que adquiriu em vida e excessivamente dramático.
Soma-se a isto, o facto de algumas cenas terem sido inventadas, conforme atesta Manzarek: a cena do incêndio (onde Jim coloca fogo no armário com sua namorada Pamela Curson dentro), a cena do almoço (onde Pamela ameaça esfaquear Jim) e a cena em que “Light My Fire” é vendida a um comercial como jingle (e Morrison furioso atira uma televisão contra os colegas dentro do estúdio), NUNCA EXISTIRAM.
Compreendo (como fã dos The Doors – Jim Morrison) que a intenção de Oliver Stone era de fazer jus a imagem mítica e grandiosa que Jim criou para si mesmo. Afinal, alguém faria também um filme sobre Janis Joplin retratando seus momentos de sobriedade quotidiana? Mas, a intenção de justificar o personagem mítico resultou em inverdades e exageros.
Por exemplo, a influência xamânica de Morrison adquirida em um acidente de carro visto por ele na estrada, onde segundo o próprio, o espírito falecido do índio passou a lhe habitar, é uma história ou até mesmo uma fábula contada pelo cantor. Tal como o mistério acerca da entidade Mojo Risin e muitos outros aspectos, este episódio não é passível de comprovação efectiva.
Daí, para se fazer justiça a história enraizada na figura de Jim, Stone introduz uma cena onde Manzarek avista Morrison dançando com espíritos indígenas em um show. Inverdade? A cena foi baseada em um relato de Manzarek, que disse que em certo show, sentiu que a energia de Morrison havia desaparecido do palco. Isto exemplifica os tipos de exageros cometidos – a ponto de fazer Manzarek lançar um livro para desmenti-los.
Voltando a Jim, me pergunto se ao lugar de cenas duvidosas caberia mais exposição sobre sua bagagem intelectual. Pois, nada se falou de sua influência rimbaudiana, suas criações poéticas (salvo uma mísera referência a um de seus livros no final do filme) e suas performances baseadas em Artaud.
Ao lado das cenas que enaltecem a loucura e o vício, seria de bom grado vermos outras explicações. Pois, conforme as palavras de Paul Rothchild (produtor até 71 e um dos descobridores da banda), Jim era um literato e raramente era visto sem um livro nas mãos. Também este lançou livros em vida (“Uma oração americana”, “Os lordes e as novas criaturas” e “Abismos” – compilações de poesias soltas em cadernos antigos) e é assunto de artigos, testes e dissertações académicas em várias faculdades de todo o mundo.
Saberão os telespectadores, que o inesquecível show de Miami (onde culminou em caos total) ganhou vida graças a uma influência de Artaud? No imaginário, o tal do índio poderia ter lançado um “feitiço” final em Morrison. Mas, de fato, naquele espectáculo, Morrison tentava – ao seu modo enlouquecido – provocar a plateia, conforme o “Teatro da Crueldade”.
Enfim, o filme é até razoável. Ao seu modo, mostra a conturbada relação Morrison-Curson, os shows como rituais que muitas vezes eram, os vícios e a personalidade indomável e insana de Jim Morrison – todos estes verdadeiros. A questão é mais os exageros, lacunas e invencionices desnecessárias para sustentar a mistificação de Jim Morrison.
Dos aspectos positivos, pelo menos, Oliver Stone soube escalar o actor adequado, retratar os shows com bons efeitos e se esquivar das controvérsias acerca da morte do Rei Lagarto.
por: lopes da silva

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A solidão...

Apesar de oferecer ao homem inumeráveis oportunidades de amadurecer e tornar-se um sujeito autónomo, è frequentemente receptáculo de valências negativas. É uma condição desagradável, por vezes assustadora, que frequentemente se torna um inimigo de quem se deve fugir a qualquer custo. Tudo isto visto como o resultado de uma maneira de viver caótica agravada também pela herança bíblica, consequência das acções pecaminosas operadas pelo indivíduo: então Adão e Eva são expulsos do paraíso e são condenados a uma vida de sofrimento e de dor. A dor da perda, da separação. A solidão, portanto, existe antes do homem. O óvulo, no momento da fecundação, está só. Assumido o património genético do companheiro, as reacções físico-químicas do organismo separam o óvulo dos outros espermatozóides e isolam-no definitivamente da população celular materna. É um organismo estranho que conserva o eco da mãe e do pai. A própria fecundação é promotora de separação. A partir da décima quarta semana, o embrião, que se chamará feto, está perdido no oceano do ventre materno, está só. No futuro, o nascimento, o crescimento, o estado adulto reevocam a solidão originária. Socialmente, então, reconhecemos com clareza a solidão. Pensemos nos milhões de crianças abandonadas no mundo que vagueiam sozinhas, sem una meta precisa. Os nossos velhos, quantos não são abandonados na cidade anónima? Quantas famílias, cada vez mais estranhos uns aos outros, vivem isoladas no horror da televisão. Quantos rapazes estão sós, na prisão dourada do seu PC. Quantas pessoas, "robotizadas" pelo trabalho, pela espada de Dâmocles do despedimento, pela desocupação, não são constrangidas a uma solidão forçada? O abandono e, portanto, a solidão, não poupam ninguém. O próprio Deus, sendo uno, está só.
fonte: google

domingo, 20 de setembro de 2009

O amor?

Ouvimos falar tanto desse sentimento, aqueles que nunca sentiram, perguntam-se, o que se sente? Por quê? E pra que?
A resposta as vezes parece muito simples, afinal, como explicar algo que não tem explicação, é aquilo que sentimos quando batemos os olhos na pessoa, e se sente um frio na barriga, um tremor nas mãos, a sensação de que já não existe mais nada a volta, poderíamos concluir isso, como um encontro de almas. Ah esse encontro tão mágico, quando tudo aquilo que antes tu achavas quase que impossível acontecer contigo, acontece, tu começas a ouvir aquelas músicas que antes tiravas ´´sarro´´ nos amigos quando eles se encontravam apaixonados, quando tu começas a desenhar corações em qualquer folha disponível e dentro desses desenhos, o nome da pessoa amada, tu suspiras a cada lembrança, a cada respirar dela, tu começas a pensar em como conseguis-te viver até aquele momento sem ter tido a presença dela em tua vida, porque a certeza é plena: agora tu não conseguirias mais viver sem ela.
É amigo, o encontro das almas é algo mágico, surpreendente e sublime, não tentes querer achar respostas, apenas sente, e ama, ama e ama!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Melancolia de Outono...

Entrou Setembro e, com ele, uma certa melancolia. É mais um final de Verão. Regressar às coisas sérias e aguardar pelo próximo ano e os próximos dias de calor.
É colocar de lado as músicas de “dar ao rabo”. Esperar de novo pelo tempo das cerejas. Saborear os últimos gelados. Arrumar no armário a roupa fresca e leve. Comprar alguma roupa nova.
Preparar o corpo e a alma para os dias curtos, com pouca luz. Brincar com as formas das nuvens que passam velozes no céu. Deixar entrar de novo a humidade e o frio nas casas. Aproveitar para passear no parque e apreciar a quentura dos tons outonais nas folhas caídas. Sentir o perfume das castanhas assadas. Voltar aos chás de menta e às fatias quentinhas, acabadinhas de sair do forno, do bolo do amor. Voltar a ouvir musica clássica, jazz, Rodrigo Leão, Michael Nyman, portishead e Gabriel Yared.
ADORO esta doce melancolia. Ficar a ver o pôr-do-sol todos os finais de tarde, da janela do meu quarto. Fechar depois os olhos e aquecer a alma com os meus próprios sonhos, todos eles ligados à quentura dos afectos, Adoro… Adoro o Outono.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O homem romântico...

O homem romântico é um herói titânico, combate a opressão das leis, representando os socialmente ostracizados. Convicto que domina a natureza, a vida é para ele um problema insolúvel, o instinto egocêntrico mostra no entanto que é arrastado por forças que não consegue controlar, por um cego destino. O que o leva a uma busca incessante pela perfeição e o infinito, com uma inquietação febril, como se de uma melancolia patológica se tratasse por algo que não consegue atingir mas que anseia com todas as suas forças, levando-o a evocar, como Baudelaire, o destino cruel da humanidade – a morte. Olhos fitos num mundo superior que a razão não sabe definir, o romântico começa a idealizar, a fazer de conta. O seu coração inquieto e generoso deixa-se embalar num certo espiritualismo e vai lançar-se no culto da Humanidade, da Pátria, da mulher. Refugia-se no sonho, no fantástico, oscilando entre o pessimismo confessado e os desejos de um contentamento e satisfação sempre longínquos. Obviamente o idealista que constrói castelos no ar ao baixar à realidade e ao confrontar-se com a realidade, ao não encontrar o seu mundo sente-se atraiçoado, desterrado, desenganado. O regresso ao mundo onde coexistem anjos e demónios, o & laquo; anjo maldito» o «fatal e estranho ser». Mas qual o caminho a que conduz o desengano? Só existe uma solução: FUGIR. O homem Romântico é um fugitivo errante. De terra em terra como Chateaubriand, Byron e Garret; Na idade Média, na paisagem do exótico oriente como Walter Scott, Herculano e Vítor Hugo; Outros fogem de fora para dentro, introvertendo-se, subjectivando tudo; alguns vão mais longe e suicidam-se, fugindo assim apressadamente para a eternidade, como Kleist, Nerval, Camilo, Antero de Quental, Florbela Espanca, Trindade Coelho. No Romantismo nota-se o predomínio da emoção, do sentimento sobre a razão e o espírito ordenador dos clássicos. O Culto do «EU» e dos direitos do coração sobrepõe-se às imposições orientadoras da inteligência (reacção contra o racionalismo clássico). Tendo presente a concepção do «eu» de Ficht, pode dizer-se que os românticos inspiraram-se nele e de imediato proclamaram uma arte que fosse expressão directa do homem perante a natureza. Esta no entanto teria que ser cumulativamente original e sincera ao ponto de provocar no artista a confissão dos seus estados de alma. À heróica época medieval junta-se a idealização do «locus horrendus», paisagem agreste exótica, de um nocturno sepulcral, luarenta, melancólica mas ao mesmo tempo sensual espelhando, muitas das vezes, o estado de espírito do romântico. Ao contrário dos clássicos o homem romântico sente a doce volúpia no sofrimento e prefere registar as situações de dor, de melancolia e ambientes de nebulosidade nórdica como o entardecer, o escurecer, a noite, as florestas sombrias, as cavernas, as ruínas, os agouros, os sonhos, a morte. A personagem romântica mergulhada nesta melancolia pessimista, procura evadir-se umas vezes para o além-morte através do suicídio, outras vezes para o convento, o sacerdócio, a solidão, a loucura. Existe no romantismo, relativamente aos aspectos formais, uma subversão completa de estilos, numa atitude de rebeldia, baseada numa independência crítica – o génio criador não mais está amarrado às “galés do classicismo”. Com excepção do soneto, criam-se novos agrupamentos estróficos, proíbem-se as imitações paradigmáticas dos escritores Greco-romanos e não se admitem as divisões dos géneros clássicos; numa nova estrutura e linguagem de romance – com um narrador ausente; com heróis tradicionalmente medievais; usando um vocabulário rico em alusões concretas, menos erudito, mais familiar que o clássico, baseado em historietas, à peripécia inesperada –; e finalmente com tendências bem definidas e antagónicas relativamente ao classicismo (Razão v Coração; O geral v O individual; O objectivo v O subjectivo, o pessoal; A vontade, o heroísmo v A melancolia, o abatimento; A inteligência v As sensações; O culto da antiguidade greco-latina v O culto da Idade Média e dos tempos modernos) A única norma a que o romântico se sujeita é o instinto, a paixão que o leva, num certo espiritualismo, a buscar a perfeição da mulher-anjo, encaminhando toda a potencialidade para o amor que simultaneamente, o prende e o destrói. A novidade está na mudança profunda da sensibilidade, a natureza intensa do sentimento expresso. Nessa medida há autores que defendem que o romantismo não é primordialmente um fenómeno estético, mas um modo de viver e que o artista romântico ou é o ser que se apresenta incompreendido ou, por outro lado, em nome da arte, acha-se com o direito de ditar leis. Os desvarios devem-se à má interpretação da natureza humana, compreendida à maneira de Rosseau «o homem é naturalmente bom, é a sociedade que o perverte» ou «o homem deve seguir um só e único guia: a sua consciência, instinto divino, voz imortal e celeste».
Os românticos tentando interpretar esta filosofia de vida caíram no exagero, na busca de um «homem universal», de carácter superior, mas acabaram por encontrar apenas aqueles que viviam à margem da sociedade dominados pelas mais violentas emoções, num desejo incontido de quebrar as correntes que os prendiam à sociedade.
Fonte: Google

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

" Um místico em estado selvagem"

O que Mallarmé não parece ter adivinhado é que o "Viajante notável" voltaria, que ia ficar, que não pararia de crescer, que sua influência se estenderia sobre todas as gerações e que aquele garoto seria no século novo não o mestre, e sim, melhor ainda, o mensageiro, o profeta de toda uma juventude febril, entusiasta, rebelde.
~ Georges Duhamel ~

É uma honra para o nosso país que uma obra fechada como a de Arthur Rimbaud domine com a mesma intensidade que a obra semifechada de um Charles Baudelaire ou a obra tão clara de um Victor Hugo. Como os pintores que se destacam não pelo modelo que escolhem mas pela maneira como o pintam, o milagre de Arthur Rimbaud depende menos de suas revoltas e do que dele disse Claudel, "Um místico em estado selvagem", que do facto de ele ter feito a ideia nascer do verbo, enquanto antes dele o verbo se colocava a serviço da ideia.
Apollinaire falava sempre do poema-acontecimento, do verso-acontecimento. Acontece, por exemplo, que um poema um pouco convencional de Baudelaire pode se erguer do chão e levitar pela força de um único alexandrino.
Em Guillaume Apollinaire, uma gota de tinta que treme na extremidade de sua pena cai marchetando uma página que, sem essa mancha requintada, estaria ameaçada pela monotonia.
É isto que torna os poetas intraduzíveis. Não compreendemos nada de Puchkin, a não ser a certeza secreta de um ritmo de feitiçaria que ele tirava de uma gota de sangue negro.
Mas o rimbaldismo é universal. Sua fosforescência atravessa a barreira das línguas.
Poderíamos temer que as tempestades do casal Verlaine/Rimbaud fossem se chocar contra a glória, que é mulher. Uma vez mais a moral inclina-se diante do génio, pois o génio não é senão o fenómeno que consiste em santificar os erros escritos, pintados ou vividos.
É verdade que uma celebridade tão grande quanto a de Rimbaud não se faz sem controvérsias. As inumeráveis vítimas do séquito se empenham em perpetuar um certo comportamento, uma certa insolência rimbaldianos, sem imaginar que, se este aspecto foi considerável, foi por causa de um emprego novo da sintaxe que diviniza aos meus olhos "Bonne pensée du matin" e faz "Ma bohème", "La rivière de Cassis", "Bruxelles", "Mémoire" ocuparem um lugar em meu panteão íntimo com a neve que escorrega pela manga de seda preta do príncipe Gengi.
São nesses poemas que Rimbaud conserva a invisibilidade da elegância.
Eu sempre disse que uma criatura de algum planeta mais evoluído que o nosso poderia talvez zombar de Einstein, mas não poderia zombar nem de Van Gogh nem de Cézanne.
Nesse campo de uma força que escapa à análise e aos progressos da ciência, Arthur Rimbaud representa um terrível explosivo. Um raio de Abril, uma arma, um heroísmo que se opõem à ideia toda feita do heroísmo e das armas.
É isso que me autoriza a terminar estas linhas copiando, à intenção da paz no mundo e de Rimbaud, um desejo que eu formulava em 1915 no Discours du Grand Sommeil:
Laurier inhumain que la foudreD'avril te tue.
P.S. — Se não falo de Marselha em 1891 é porque esse período me é intolerável. Faz-me sofrer muito.
Sempre afirmei que não é verdadeiramente poeta quem não erra. Aqui a regra ultrapassa os limites. Mas é preciso ver na amputação uma prova do combate com o anjo e do amor feroz das Musas, semelhante ao do louva-a-deus que devora o macho.
"Eles detestam a beleza quando ela é feia. Eles adoram a feiura quando ela é bela. Nisto está todo o drama!"
É da fabulosa herança de alguns artistas, mortos na miséria, que todos nós vivemos. Quis o destino que um jovem poeta desconhecido contradissesse os filhos-de-pai que somos e descobrisse o segredo de um novo mártir.
~ Jean Cocteau ~

"Não vos posso dar uma morada, porque ignoro onde estarei pessoalmente nos próximos tempos, porque caminhos andarei, e por onde, e por quê, e como!" (Rimbaud aos seus, Aden, 5 de Maio de 1884)Jean Nicholas Arthur Rimbaud, poeta francês nasceu em Charleville, nas Ardennes, em 20 de outubro de 1854. Aluno brilhante, que se distinguia na composição de versos latinos, foi encorajado nas suas primeiras experiências poéticas pelo seu professor de retórica. A sua personalidade rebelde não o deixaria suportar bem as condicionantes da vida familiar e provinciana: depois de várias fugas, este menino – prodígio, reconhecido pelo seu "Bateau ivre", "desembarca" em 1871 em Paris a convite de Verlaine. Esta ligação tumultuosa entre os dois poetas acabaria em drama: ferido pelo seu amante, que Rimbaud queria abandonar, ele experimenta a dor de um sonho perdido do qual "Une saison en enfer" (1873) é um sofrido testemunho.Rimbaud tornar-se-ia um vagabundo solitário, escrevendo diversos poemas em prosa ("Illuminations, 1874-1876), e acabando por partir em 1880 para Aden. Rimbaud descreveria Aden na carta enviada para sua irmã Isabelle, quando ela demonstrou sua intenção de vistá-lo: "Nem pense nisso: vocês nem podem imaginar que lugar é esse. Não existe nem uma árvore, nem mesmo seca, nenhum ramo de planta, nenhuma água doce. Bebemos apenas água destilada do mar. Aden é uma cratera de vulcão, cercada por muralhas que impedem a circulação do ar. Ardemos no fundo deste buraco como num forno de cal!"Durante dez anos, o poeta erra pelo deserto, da Etiópia ao Egipto, tendo cessado completamente de escrever e abandonando-se a todo o tipo de comércios.
Repatriado para França para tratar o tumor no joelho de que padecia, amputar-lhe-iam uma perna em Marselha, onde morreria pouco depois, em 10 de novembro de 1891.Um mau-aspecto "absolutamente moderno", o de Arthur. Casaco e calças de ganga coçada, um saco descuidadamente pendurado ao ombro, a pose um pouco para o desleixado, com a marca de uma fadiga que impôs a estrada e da eterna insolência da juventude. O Rimbaud das serigrafias de Ernest Pignon-Ernest coladas nas paredes das cidades, ou esse Rimbaud, meio-mendigo, meio-beatnik, cujo rosto é o do retrato de Carjat. O Rimbaud com esse ar ausente dos solitários e dos místicos, o Rimbaud inesquecível porque parte da nossa forma de olhar o mundo. Ícone enganador, talvez, mas seguramente "ilusão que nos fala sempre da verdade" (Cocteau). O poeta mais fulgurante dos tempos modernos, aquele cuja obra, para sempre jovem, decidiu tantas vocações, não foi um homem de letras e passou pela poesia como por outras experiências só para cumprir um secreto desejo que nunca explicou. "Notável passante", tal como lhe chamou Mallarmé, Rimbaud abriu o caminho à poesia nos actos, à vida concebida como uma obra de arte. Não à maneira do dandy, mas como engajamento pessoal na dura realidade, procura da vertigem, exploração de um alhures que não se pode encontrar e que por isso mesmo se torna magnético, eterno, subversivo. Tzara, saudou uma vez essa forma de fazer sair a poesia do livro – arte, conforme ao projecto dadaísta, de uma deslocação dos valores e dos sistemas culturais – e que Artaud resumiu desta maneira: "Rimbaud liberta a poesia do texto, da escrita, e devolve-nos uma ideia mágica da vida."
A partir de Rimbaud, essa "ideia" passa a unir-se à errância, à viagem através do mundo que induz uma nova tipologia do viajante, e que, segundo as épocas, definiu novos espaços de trajecto e imaginação, de uma África idealizada à Califórnia, do México aos caminhos de Katmandu. Todos os andarilhos do mundo seguem as pisadas de Rimbaud. Rambling boys americanos tais como Woody Guthrie ou Bob Dylan, escritores-viajeiros como Segalen, Cendrars, Eberhardt, hippies a caminho de Frisco ou de Ladakh, sem falar, claro, dessa beat generation que reivindicava, claramente, o lado ambulatório da herança rimbaudiana. Para além, evidentemente, da da multidão anónima de globetrotters e viajantes à boleia que tem vindo a redesenhar o mapa da viagem moderna. Na mochila do baba-cool perfeito, entre a harmónica e a erva, encontram-se as Illuminations. Rimbaud, é a reabilitação do caminheiro, a invenção do vagabundo celeste, o primeiro dos desertores porque é aquele que está sempre de partida.Uma tal viagem procede porém de uma busca que resulta mais de uma moral do que de uma estética (diferente por isso da viagem aristocrático-romântica em vagões-cama e transatlânticos). Porém, a viagem rimbaudiana (fugas, explorações, tráfegos) é sobretudo portadora de uma contestação radical dos valores estabelecidos: pulveriza o sedentarismo ocidental, o enraizamento na terra, a família, o trabalho, a pátria. Partir é em primeiro lugar recusar.
Esta maneira aventureira e individualista de apreender o mundo assemelha-se a uma maldição, na linha da velha crença que associa os errantes aos pecadores. A vida de Arthur Rimbaud aparece desde logo como uma punição divina, um estágio no inferno. Ela precisa a figura do poeta maldito, essa invenção do século XIX que fez sair a literatura do seu estatuto de prática elegante. Com Rimbaud afirma-se uma espécie de nobreza do negativo, identificando o génio, na sua autenticidade, com a marginalidade, a decadência e o mal: porta sublime para a beleza, o amor, uma verdade superior mas também Redenção. Este lado maldito, que faz "da infâmia uma glória, da crueldade um encanto", lança um novo sistema de valores, fundado na subversão (cultural, social, política), numa vivência boémia que é a antítese da "boa sociedade". A coisa não é nova, mas Rimbaud acelera a desregulamentação. Conhece-se a receita: álcool, drogas, sexo sem freios, proximidade do perigo, tudo pontos cardeais do herói moderno.Marx pretendeu mudar o mundo. Rimbaud preferiu "mudar a vida". Uma parte da história do Maio de 68 é incompreensível sem considerar esta oposição. O militante contra o libertário, o estratega contra o sonhador. Os filhos de Rimbaud no Quartier Latin eram, pois, "Marx tendência Groucho" ("La vie est Ia farce à mener par tous"). E o rock and roll também. Pela energia que invoca, pela sua rapidez e espírito rebelde, o rock é eminentemente rimbaudiana: juventude, beleza, errância, revolta, menosprezo do perigo, comportamentos suicidários. Viver depressa e morrer jovem. Nico, Tis Redding, Brian Jones, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin, John Lennon, Sid Vicious, Keith Moon, Kurt Cobain, Buddy Holly, Syd Barrett, Jeff Buckley, mas também James Dean, Pasolini, Che Guevara, Fassbinder, Jim Morrison, todos filhos de Rimbaud. Todos cultivaram a imagem das "duas únicas coisas que não podem ser ridículas: um selvagem e uma criança" (Gauguin). Rimbaud será então isso: a ideia de uma pureza fundada na insolência da juventude e da revolta do primitivo. O seu aspecto desalinhado inventa muito antes do nosso tempo o culto actual do adolescente: rebelde, "mau rapaz", eternamente instável.
Depoimentos
André Gide
Rimbaud era para mim como um poeta demoníaco, um "poeta maldito" entre todos e gostava de o ser, com a ajuda do álcool, o "famoso gole de veneno" que ele nos convida a beber e que eu degustava com prazer, mais embriagante que qualquer outro vinho, que não podia convir senão aos fortes, eu pensava.
A que estranha danação ele não arrastaria todos os outros?
Rimbaud, com seu individualismo exacerbado, sua insubmissão. O selvagem Rimbaud. Ele assusta... mesmo preso!
... Há o que ele quis dizer, o que pensamos que ele quis dizer; mas o que ele disse sem o querer e contra si mesmo.
Rimbaud continua um mestre admirável na arte de escrever, um inventor de formas cuja originalidade não foi esgotada por nenhum de seus inúmeros imitadores.
Paul Valéry
Trechos de cartas a André Gide:
Estou embriagado com a beleza das coisas do mar e esforço-me para compreender a sua alma aventurosa e triunfal... Releia o admirável "Bateau ivre" para compreender. Essa poesia é admirável, verdadeira e um pouco louca como a bússola.
Você leu os textos em prosa de Rimbaud no fim da edição das Poesias? Esses inéditos são milagrosos (sejamos exactos). São iluminações das melhores e mais admiráveis. Queria passar duas horas com você e com elas. Você me daria a força para imaginá-las e para falar delas e, como antigamente, nelas nos embebedaríamos, você lembra, quando cada um de nós leu sozinho pela segunda vez, "Le bateau ivre". (Fevereiro de 1943.)
Georges Duhamel
Rimbaud sempre mexeu comigo, sempre me proporcionou a mesma embriaguez amarga.
O que Mallarmé não parece ter adivinhado é que o "Viajante notável" voltaria, que ia ficar, que não pararia de crescer, que sua influência se estenderia sobre todas as gerações e que aquele garoto seria no século novo não o mestre, e sim, melhor ainda, o mensageiro, o profeta de toda uma juventude febril, entusiasta, rebelde.
As páginas mais obscuras de Rimbaud, as finais, têm soberana virtude de encantamento. Exerceu sobre nossa alma seus sedutores prestígios, sua irritante magia.
Há textos obscuros de Rimbaud que nos pegam porque continuamos livres para neles encontrar o que trazemos de nós mesmos. Eles se parecem com a música pura.
A alquimia mallarmaica sempre me interessa, não me comove quase nunca. Rimbaud me comove sempre. Algumas vezes me desnorteia, outra, dilacera-me e me desespera.
O que importa é o "Fenómeno Rimbaud". O que forma para mim o objecto de muitas reflexões é "a aventura-Rimbaud", é a história daquele menino que nasceu numa família que chamamos classe média, fez seus estudos sérios sem chegar mesmo a se formar, como se tivesse compreendido que os estudos, sejam quais forem, não têm fim, e que se lança subitamente sobre a poesia como sobre uma presa, devorando-a e expelindo-a para ir concluir uma existência desesperadora, de onde todo pensamento de criação literária parece excluído, em climas terríveis, às voltas com ocupações absurdas. O que me interessa e deve interessar a todos é ver o "viajante notável" exercer-se durante alguns meses na prática de uma arte que conseguiu manter despertos ao longo de toda uma existência inúmeros espíritos, é vê-lo elaborar obras-primas surpreendentes e depois abandonar tudo isso com um dar de ombros. O que me perturba e a tantos observadores é, chegado o tempo das necessárias germinações, ver a sombra de Rimbaud voltar entre nós, ver sua obra que cabe inteira num volume, inquietar, atormentar, inspirar uma juventude ardente e, desde então, colocar inúmeros problemas aos estudiosos da literatura crítica e histórica...
Jacques Maritain
Ele procurou na Arte as palavras da vida eterna.
André Maurois
Une Saison en Enfer: o mais belo poema da língua francesa.

Henry Miller
Creio que há muitos Rimbaud neste mundo, e que seu número crescerá sempre. Creio que, no futuro, o tipo Rimbaud substituirá o tipo Hamlet e o tipo Fausto.
Rimbaud é uma curiosa mistura de audácia e timidez. Ele tem a coragem de se aventurar lá onde nenhum branco jamais pôs os pés, mas ele não é capaz de enfrentar a vida com pouco dinheiro. Não tem medo dos canibais, e sim dos brancos, de seus semelhantes.
Une Saison en Enfer: este livro é a última palavra do desespero, da revolta, da maldição.
Ele combateu até o extremo limite de suas forças. E é por isso que seu nome, como o de Lúcifer, continuará glorioso.
Nele havia luz, uma maravilhosa luz, mas ela não devia se espalhar antes que ele morresse.
Jean-Marie Carré
Rimbaud reuniu em um grau sobre-humano toda a grandeza e toda a miséria humanas de um poeta de génio devorador, mas com a instabilidade fatal que se consumiu em sua chama implacável.
Nenhum poeta exerceu tais sortilégios. Os outros poetas envelheceram, Rimbaud continua inesgotável.

Poemas de Rimbaud

~ MA BOHÈME (Fantasie) ~
E lá me ia, as mãos nos bolsos furados, E meu casaco era também o ideal. Eu ia sob o céu, Musa! E te era leal; Oh! Lá! Lá! Que esplêndidos amores sonhados!
Minha única calça estava em frangalhos— Pequeno Polegar sonhador, em minha fuga eu ia Desfiando rimas e sob a Ursa Maior adormecia, Ouvindo no céu o doce rumor das estrelas.
Sentado à beira das estradas eu as ouvia, Belas noites de Setembro em que eu sentia O orvalho em meu rosto como um vinho forte;
Quando compondo em meio a sombras fantásticas, Como uma lira eu puxava os elásticos De meus sapatos gastos, um pé junto ao meu peito!

~ NO CABARÉ-VERDE ~às cinco horas da tarde
Oito dias a pé, as botas rasgadas Nas pedras do caminho: em Charleroi arrio.— No Cabaré-Verde: pedi umas torradas Na manteiga e presunto, embora meio frio. Reconfortado, estendo as pernas sob a mesa Verde e me ponho a olhar os ingénuos motivos De uma tapeçaria. — E, adorável surpresa, Quando a moça de peito enorme e de olhos vivos— Essa, não há-de ser um beijo que a amedronte!— Sorridente me trás as torradas e um monte De presunto bem morno, em prato colorido; Um presunto rosado e branco, a que perfuma Um dente de alho, e um cerveja enorme, cuja espuma Um raio vem dourar do sol amortecido.
Outubro de 1870

~ SOBRE O POEMA “SENSATION” ~
Este poema de grande sensibilidade não tinha título quando foi enviado a Théodore de Banville. A versão definitiva traz o título “Sensation”.
Nas belas tardes de verão, pelas estradas irei, Roçando os trigais, pisando a relva miúda: Sonhador, a meus pés seu frescor sentirei: E o vento banhando-me a cabeça desnuda. Nada falarei, não pensarei em nada: Mas um amor imenso me irá envolver, E irei longe, bem longe, a alma despreocupada, Pela Natureza — feliz como com uma mulher.
(1870)
~ A PROPÓSITO DE “O NAVIO FANTASMA” ~(LE BATEAU IVRE)
Enquanto esperava uma carta de Verlaine, Rimbaud resolveu escrever um grande poema que seria a ilustração directa de sua nova ética, uma obra indiscutivelmente de fôlego. Delahaye o viu, deitado num barco, ao pé do Velho Moinho, o rosto contra a água, interrogando o fundo do rio, onde, entre as manchas de sol, a corrente fazia ondular a longa cabeleira das plantas aquáticas. Ele havia apenas conservado a ideia do tema de O Navio Fantasma — que Leon Dierx acabava de tratar há pouco no Parnasse Contemporain —, ou, mais exactamente, ele o incorporara, pois o barco sem rumo pelo espaço sideral, sob o céu implacável ou nas profundezas glaucas, é ele, sua alma, liberada enfim de suas amarras.
E desde então no Poema do Mar mergulhei, Cheio de astros, lactescentes, devorandoOs verdes céus, onde às vezes se vê, Lívido e feliz, um sonhador boiando.
Onde tingindo de repente o infinito, delírios E ritmos lentos sob o dia em esplendor Mais fortes que o álcool, mais vastos que nossas liras, Fermentam as sardas amargas do amor!
Sei dos céus rasgando-se em raios, e das trombas, Das ressacas e da noite e das correntes, Da Alba exaltada igual a um bando de pombas, E o que o homem acreditou ver viram meus olhos videntes!
É impossível ouvir essa delirante sinfonia sem ser tomado de vertigem, arrastado para fora da órbita terrestre, para o absoluto, para fora do mundo. Ninguém havia feito coisa igual; ninguém o fará jamais. No fim, o Poeta, não conseguindo manter a intensidade da visão, consumido em seu próprio frenesi, explode literalmente em pleno céu:
Oh, que minha quilha estoure! Que eu ganhe o mar!
Tudo, então, está terminado: falta-lhe a coragem de continuar a viagem, as forças o abandonam, ele se deixa levar, não passa do casco negro do barco destruído.
E se anseio mares de Europa, é a poça Escura e fria onde ao crepúsculo perfumado Uma criança se abaixa triste e solta Qual borboleta de Maio um barco delicado.
Com uma clareza profética, Rimbaud, podemos dizer, previu seu próprio destino...


verlaine e Rinbaud em Londres

FONTE : Google


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Melancolia

Melancholy, Edvard Munch
A melancolia é um sentimento suavemente triste. Existe em nós como uma leve cortina que encobre as cores garridas da realidade. Os dias decorrem quase tranquilos, se não fosse essa melancolia que nos mantém estáveis na escala das emoções. Um melancólico pode estar contente mas raramente hilariante; pode estar aborrecido mas raramente em cólera. A melancolia está presente nos fins de tarde. Não há nada como um pôr-do-sol suave para espelhar o coração dum melancólico. Também se sente apaziguado com os tons quentes das folhas de Outono, caídas no chão. A melancolia é a porta de entrada ou de saída da tristeza. Pode ser o prenúncio de uma depressão nascente ou o sentimento final de uma perda. A melancolia é tristemente suave se não se instalar definitivamente, porque se persistir, impedir-nos-á de viver intensamente a vida, o mundo e as pessoas que nos rodeiam. Existem momentos na vida em que nos sentimos perdidos, como se algo tivesse sido arrancado de nossas vidas. Às vezes somos acometidos de uma tristeza sem fim, como se estivesse pra morrer. Choramos, desesperados pela dor, que rasga o peito e pelas lágrimas que nos sufocam. E nem mesmo sabemos o motivo real desta dor...Porque? Quando? Aonde? Não existe resposta, as coisas apenas se foram modificando, o que era bom ontem, hoje já não e mais. A melancolia toma conta da nossa alma.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

(Em memória do Capitão Salgueiro Maia e do cantor José Afonso)

Conheces o gosto da anona? E o cheiro do incenso em flor nas noites húmidas? Talvez. Mas com certeza não serás capaz de os explicar. Nem eu nem ninguém. Existem coisas assim: os sabores, os cheiros, as cores, os sentimentos... Há muitos milha­res de palavras, mas nenhumas são suficientes para dizer aquilo que só quando se sente se sabe como é. Eu gostaria de inventar as palavras que faltam à nossa Língua, a todas as línguas do Mundo, para falar de Abril. Em Portugal. Num dia com cravos a florir nas espingardas, porque ninguém queria usá-Ias para matar.

Estavam cansados da guerra, uma guerra má como todas as guerras. Em Angola e em Moçambique e na Guiné. Era o medo em Portugal. Havia verdades que era proibido dizer. Havia muita gente que mal tinha que comer. Havia muita gente sem casa onde morar.

Foi na madrugada de 25 de Abril de 1974. Os homens que mandavam neste país, e que não queriam que ele mudasse, talvez dormissem àquela hora sem sonhar com o que ia aconte­cer. No rádio, uma canção começou: "Grândola, Vila Morena". (Uma revolta que começa com uma canção, sobretudo uma canção como aquela, tem de ser uma revolta boa). Era o sinal combinado. Os militares saíram dos quartéis para dizer ao governo que não o suportavam mais, mas ainda não se sabia quantos portugueses estavam no mesmo lado. Logo se perce­beu que eram quase todos, afinal.

E a revolução tornou-se numa festa tão bonita que esse dia foi um dos mais belos da História de Portugal. Foi uma alegria tão grande que se chegou a pensar ter valido a pena tanto tempo de sofrimento e medo para que ela acontecesse...

Mas não! A água mais apetecida é a que se bebe depois de uma longa e penosa sede, e ninguém se deixa estar dois ou três dias sem beber só para ter um gosto enorme ao beber...

Se eu pudesse inventar as palavras que faltam à nossa Língua para dizer isto melhor, nunca mais haveria alguém capaz de duvidar de como foi lindo aquele dia, nunca mais nin­guém haveria de permitir que alguma coisa, neste país, se parecesse com as coisas ruins de antes. E muito depressa se mudaria o que ainda não houve tempo de mudar.
José Afonso

No tempo da vergonha, ele era a paz,
E tinha a cor dos cravos já na voz.
Ninguém como ele foi então capaz
De ser tão puramente todos nós.
Salgueiro Maia

“Aqui tendes a herança que vos dou,
Um caminho onde todos são iguais.
Eu voltarei a ser isto que sou:
Um português igual a tantos mais.”

(Na manhã de 25 de Abril de 1974, faltou-me um abraço que certamente seria imenso... Como meu Pai gostaria de ter vivido essa manhã de todas as manhãs!...)

«Descobrir o essencial»

Por: MANUEL GIRALDES Alem mar
Em tempos de consumismo desenfreado, muita gente sente a necessidade de recuperar o lado gratuito da vida, de encontrar trocas que não sejam mediadas pelo omnipotente e omnipresente cifrão. Por vezes, tudo começa com uma crise, uma sensação de mal-estar enxertada de um vago desejo de mudança. Geralmente, o que se busca é um sentido. Algo que não se compra no centro comercial nem se vende na loja de marca.
Mónica estava muito bem a tirar o seu curso quando lhe surgiu uma dessas vagas de inquietação. Ao decidir ir para a Guiné, ao abrigo de um programa de cooperação ligeiro feito a pensar em jovens universitários - que passa por projectos pontuais, como a formação de professores, o apoio à criação de bibliotecas e o trabalho com crianças -, a família e os amigos não acreditaram lá muito nas suas motivações: «Isso é porque estás chateada, porque não consegues emprego, porque queres ir para freira...»
Foi. Reincidiu, ao ir para Angola. E a experiência mudou-a: «A primeira vez que se chega a África, a sensação é brutal, porque tudo está mais em bruto. Mas parece que o sentido da vida nos é oferecido de bandeja. Porque nos sentimos úteis, porque não somos anónimos, porque aprendemos a relativizar as coisas e chegamos muito mais facilmente ao que é essencial, em nós e nos outros. Não ter água ou luz torna-se relativo. Por exemplo, no Hospital Simões Mendes, as mulheres tinham uma única refeição por dia, mas ofereciam-me do seu arroz. Agora, cá, não tenho coragem de dizer que não me apetece um bife com batatas fritas...»
Mónica não pensa que ir para a África seja uma panaceia universal. Adverte: «Se o impacto for verdadeiro, ao voltarmos obrigamo-nos a agir.» Ela assim fez. Ao regressar, passou a fazer parte da equipa do Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária (ISU), uma organização não governamental que, entre várias actividades, apoia a integração dos estudantes provenientes dos países lusófonos, faz cooperação para o desenvolvimento e dá formação a candidatos a voluntários.
Não, o voluntariado não é uma espécie de aspirina para os males da sociedade moderna ou as angústias existenciais de cada um. Se não houver um compromisso bem ponderado e consciente, nunca se passa das boas mas vagas intenções.

Prazer de ser voluntário

Nos dias de hoje falar de trabalho voluntário ou simplesmente voluntariado, não é tarefa fácil. As múltiplas solicitações e dispersões que nos rodeiam – TV, Vídeo, cinema, desporto, computador...-, muito ajudam a justificar a falta de tempo e, de modo algum contribuem para que haja motivação dirigida para dispor de tempo dedicado aos que de nós possam necessitar. Desde muito cedo, e permanentemente, ouvimos dizer: “tudo tem um custo”, “a vida está cara” ou “há que trabalhar para ganhar o pão de cada dia” e tudo nos orienta o comportamento para a necessidade do dinheiro, de o ganhar para obter uma mais valia material. Alguém verá, ao ler estas palavras, algum ‘fatalismo’, que no futuro apenas teremos uma sociedade despersonalizada, onde o dinheiro será o objectivo supremo do homem – a verdade é que, em parte e para muitos, já o é. Devemos combater a tendência a tudo relativizar com base no dinheiro e ter presente que é no homem e nos seus valores que está a aposta numa vida mais saudável e feliz. Esta orientação deve ser seguida desde muito cedo e uma excelente escola de aprendizagem é sem dúvida a ocupação de tempos livres dedicada, de forma voluntária e gratuita, em favor de pessoas mais carenciadas. Mas para que se possa aderir ao voluntariado, que devemos definir como trabalho não remunerado, é necessário reunir, no mínimo, três condições: ter um objectivo, haver motivação e concretizar um projecto. No primeiro há uma visão clara do que se pretende fazer e dos resultados a obter. Mas tudo exige uma motivação e uma força interior que vença dificuldades e permita, por vezes, que nos superemos a nós próprios, como que (re)descobrindo-nos. Por último, a concretização de um trabalho de voluntariado exige um projecto (pessoal ou inserido num grupo) onde se concretizam os valores pessoais e evidenciam (ou revelam) as capacidades de cada um ao serviço do próximo.

Ser voluntário é....
É regar todos os dias seres para conseguirem ter a capacidade de semearem brincadeiras e florirem sorrisos. É tornar radiantes os dias de chuva e colorir momentos marcantes.
Ser voluntário é ser uma torrada quente que salta todos os dias numa linda manhã para alimentar quem mais necessita. É fantasiar um mundo feliz e alegre para evitar medos e receios e criar felicidade. É mostrar que voar, pular, brincar e ajudar é importante.
É partilhar um coração com vários coraçõezinhos, é despertar o bom que há em nós e nos outros, é ajudar e ser ajudado, é estar presente, é dedicar e aprender. Ser voluntário é ser responsável, interessado e corajoso, é ter sentimentos, é demonstrar que se pode ter valor e ser um diamante nos bolsos dos outros, é ser bondoso sem receber nada em troca, é ter um coração GIGANTE, é sentir-se útil.
Ser voluntário é ter alguém com quem falar e ajudar, é uma maneira de relativizar os próprios problemas e dar atenção a outros mais graves. É tentar dar o dia de amanhã, ontem ou hoje.
Ser esta fantástica pessoa é mostrar que quem espera sempre alcança e que nesse dia irá estar presente sem perder a esperança, sonhando com o final feliz que todos esperam a cada segundo que passa.
Seja voluntário e ajude quem precise!
Há tantas pessoas a precisar da sua ajuda, junte-se a nós e ajude. Ajude com um simples gesto carinhoso todos os dias e tornar-se-á uma pessoa ainda mais feliz e útil.

Lembre-se que hoje é você a ajudar mas amanhã poderá ser você a precisar de ajuda!

Joana Beites. Os caminhantes

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quem criou os dinossauros? Terá sido Deus ou o Diabo?

O ano autárquico de 2009 vai ficar marcado pela despedida de alguns munícipes que estão à frente das câmaras, alguns desde 1974. Os “dinossauros” terão a última oportunidade de ir às urnas,uma vez que em 2013 os presidentes de câmara e de junta de freguesia que já tiverem cumpridos três mandatos consecutivo ficarão excluídos da corrida,dando cumprimento à lei nª46/2005 que foi sancionada em Janeiro de 2006.
Alguns autarcas classificam a lei como «um atentado à democracia», dá para rir. Existem mais de 200 autarcas nesta situação em Portugal. Retirando vantagem de dominar por dentro o sistema, estes "dinossauros" da política sucessivamente se recandidatavam e cada mandato que passava era pior que o anterior. Perdiam a ética e a dignidade dos mandatos iniciais, criavam comunhão de interesses duvidosos, recandidatavam-se nem que fosse como independentes e contra os partidos que inicialmente os acolheram, enfim,tudo servia para se perpetuarem no cargo. Como consequência, cada vez temos menos políticos de valor, cada vez mais o cidadão comum está mais descrente, cada vez mais os índices de abstenção são maiores. Coloca-se em causa o próprio funcionamento da própria democracia. Com o cumprimento da lei em 2013 a “Ética” regressa nas autárquicas, porém se não houver uma conscientização política e nos cafés se discutir só futebol e nos salões de chás da terrinha de Camões o assunto do dia for telenovelas, decididamente teremos mais Isaltinos, Felgueiras, Avelinos, Valentins , Gouveias, Joãos Mouratos no poder. Esta lei é de grande valia. Os autarcas devem legislar conforme os interesses gerais das populações, e não de grupos e interesses.
Dinossauros do poder local nunca mais...

“Música – Método de Cura Corporal e Espiritual”

O ser da vida e do mundo é vibração é ressonância. Estas são comuns ao corpo e à alma de cada um dos nossos seres e ao existente. Na pauta de notas da vida trata-se de descobrir a nota de que se é eco para se poder entrar na solfejação geral e assim dar voz à sinfonia da vida universal. Uma vez entrados na onda trata-se de seguir o ritmo que nos conduz ao inefável, ao indelével. A música é, no seu verdadeiro sentido da palavra, bálsamo da alma. Ela conduz-nos ao limiar do espírito.
O ouvido é o primeiro sentido já em acção no ventre materno e o último a deixar-nos no fenecer. Através dele o mundo exterior chega ao mais profundo de nós mesmos.
A música cria grande ressonância nos vários areais cerebrais activando uns e desligando o centro do medo e activando o da lembrança.
A música não pode ser reduzida a caixote do lixo de sentimentos negativos e de frustrações nem tão-pouco a estímulo de sexo (Pop), nem a alienação de intelectuais (música clássica). Naturalmente que também tudo isto tem o seu sentido, não se esgotando aqui. Música é expressão do divino e meio de cura. Ela é a voz de Deus a vibrar quando nós entramos na ressonância do sentir, tornando-nos eco a agir.
Ao ouvirmos música sentimos coisas maravilhosas quer quando estamos sãos quer quando doentes e abertos ao milagre. A música, se não cura, melhora o nosso estado de saúde. Nos conventos, para entrarmos num estado de harmonia corporal e espiritual começa-se logo de manha por cantar o gregoriano. O canto chão, um poço monocórdico acompanha momentos importantes do dia.
A música consegue desatar, em nós, nós psico-fisiológicos e desenvolver forças curativas, como nos revela a harpa de David quando tocava para o seu rei depressivo. Muitos dos curandeiros da antiguidade e modernos utilizam os seus instrumentos musicais e o seu canto para curar. Também em muitas clínicas ou hospitais se usa a música como elemento sedativo e curativo.
Não só as vacas dão mais leite ao som de música clássica mas também as hormonas de stress diminuem no sangue dos pacientes e “surgem menos complicações depois das operações” como testemunham cirurgiões de clínicas em que se usa a música também como calmante. A música estimula o cérebro a predispor-nos para a mudança. A música encontra a sua ressonância no cérebro tornando-o flexível para o experimentável.
Daí a importância da promoção da música na escola e por todo o lado. Todo o educador, pai e mãe, se deveria preocupar por iniciar o educando, o mais cedo possível, na música. Esta aumenta a empatia e a inteligência.
Investigações feitas na clínica neuropsicológica da Universidade de Heidelberg na Alemanha chegaram à conclusão de que, com música, a massa cinzenta aumenta e as células nervosas adquirem maiores conexões, melhorando o intercâmbio entre os dois globos cerebrais. Além disso o sistema imune é estimulado e os acessos à memória e ao inconsciente são abertos pela música.
O mesmo se dá através da música litúrgica e da dança no que respeita ao ingresso na mística e no equilíbrio de corpo alma. O ritmo e a harmonia conduzem-nos à vibração e à ressonância com o todo. A música consegue desfazer os encrostações materiais conduzindo-nos ao limiar espiritual em que tudo é relação, amor, como se constata na fórmula trinitária. Na vibração forma-se a personalidade. A medicina chinesa opera muito com os campos energéticos e com o seu fluir. A terapia consiste em restabelecer a harmonia e o fluxo.
Toda a mãe canta instintivamente para a criança que sofre ou que se encontra em desequilíbrio. Segundo investigações feitas pela psicóloga Sandra Trehub, o canto provoca a diminuição das hormonas de stress por bastante mais tempo do que a fala.
A música abre as janelas do corpo e da alma: desbloqueia areais cerebrais e ajuda a recordação, aumentando em 30 % a capacidade de armazenagem do cérebro.
No mundo tudo vibra também as células cantam conseguindo a ciência distinguir já entre o cantar das células sãs e o barulho das cancerígenas. Oliver Sacks observou em todas as experiências que fez com pacientes Parkinson e pacientes com problemas de fala, que “a música actua como um precursor exterior”. Ela deixa no nosso cérebro como que pautas indeléveis que possibilitam o reatar de relações, orgânica ou psicologicamente, interrompidas.
A música ajuda a introspecção e auxilia-nos a chegar ao lugar do silêncio e da quietude em nós, ao lugar da criatividade, do amor divino. Daí surge a onda da gratidão, do milagre. Aí se ouve a voz que segreda no sossego e se repete nas ondas do oceano… Ela pode ajudar-nos a chegar ao nosso meio, ao meio do mundo, a Deus. Então, ouviremos em nós o vibrar do universo e a ressonância do diálogo trinitário baixinho do tudo em todos.
António da Cunha Duarte Justo
jornal mundo lusíada.

domingo, 23 de agosto de 2009

Como construir uma máquina do tempo.

Reportagem edição 5 - Outubro 2002
Não é fácil, mas também não é impossível.
por Paul Davies.
O gerador buraco de minhoca/rebocador foi imaginado pelo artista futurista Peter Bollinger. Esta pintura descreve um gigantesco acelerador de partículas espacial capaz de criar, aumentar e mover o buraco de minhoca para ser usado como máquina do tempo.
Viagens no tempo são um tema popular da ficção científica desde que H.G. Wells escreveu A Máquina do Tempo, em 1895. Mas esses deslocamentos são possíveis? Está dentro das possibilidades do homem a construção de uma máquina capaz de transportá-lo para o passado e o futuro? Durante muitas décadas as viagens no tempo ficaram fora dos limites da ciência mais respeitável. Mas, nos últimos anos, o assunto começou a ser discutido com frequência cada vez maior pelos físicos teóricos. Em parte, eles fazem isso para se distrair - é divertido pensar sobre viagens no tempo. Mas há um lado sério.
Compreender a relação entre causa e efeito é parte das tentativas para a formulação de uma teoria unificada para a física. Se as viagens do tempo forem possíveis, mesmo em princípio, a natureza dessa teoria unificada será drasticamente afectada. Começamos a entender melhor o tempo depois que Einstein formulou suas teorias da relatividade. Antes do aparecimento dessas teorias, considerava-se o tempo como absoluto e universal. Era igual para todos, mesmo se as circunstâncias físicas fossem diferentes. Na teoria da relatividade especial, Einstein propôs que o intervalo entre duas etapas depende da maneira como o observador se desloca. Isso é crucial. Quando dois observadores se movem de maneiras diferentes, experimentam durações diferentes.
Descreve-se este efeito frequentemente com o chamado "paradoxo dos gêmeos". Vamos dizer que João e Maria sejam irmãos gêmeos. Maria viaja numa nave em velocidades altíssimas até uma estrela e regressa à Terra. João continua em casa. Para Maria, a viagem durou um ano. Mas, quando ela retorna, descobre que se passaram dez anos na Terra. O seu irmão está nove anos mais velho que ela. João e Maria não têm mais a mesma idade, apesar de nascidos no mesmo dia. Este exemplo, de certa maneira, mostra uma viagem no tempo, mesmo limitada. Maria deu um salto de nove anos no futuro da Terra.
JET LAG
Este efeito, conhecido como dilatação do tempo, ocorre sempre que dois observadores se movimentam um em relação ao outro. No dia-a-dia não observamos grandes variações, porque o efeito só é perceptível quando o movimento ocorre em velocidades próximas à da luz. Nas velocidades dos aviões comerciais, a dilatação do tempo, numa viagem normal, corresponde a alguns poucos nanossegundos, o que não é suficiente para inspirar romances de ficção científica. De qualquer maneira, os relógios atômicos têm precisão suficiente para registrar a mudança e confirmam que o movimento realmente afecta o tempo. Assim, a viagem ao futuro é um facto comprovado, embora ainda não em grandes proporções. Para observar saltos no tempo verdadeiramente impressionantes, é preciso olhar além do domínio da experiência normal. Partículas atómicas podem ser empurradas para velocidades próximas à da luz nos grandes aceleradores. Algumas dessas partículas, como os múons, têm relógios internos e decaem com uma meia-vida bem definida. É possível observar múons em velocidades altíssimas nos aceleradores decaindo em câmera lenta, o que confirma mais uma vez a teoria de Einstein. Da mesma maneira, raios cósmicos também apresentam saltos espectaculares no tempo. Essas partículas movem-se a velocidades tão próximas da luz que, para o ponto de vista dos seus relógios internos, atravessam a galáxia em alguns segundos, embora para a referência da Terra pareça levar milhares de anos. Se não houvesse dilação do tempo, essas partículas nunca chegariam aqui. A velocidade é uma maneira de saltar no tempo. Mas existe outra: a gravidade. Na teoria da relatividade geral, Einstein sugeriu que a gravidade faz com que o tempo escoe mais devagar. Os relógios andam um pouco mais depressa no sótão que no porão, que está mais próximo do centro da Terra e, portanto, mais no interior do seu campo gravitacional. De acordo com o mesmo princípio, os relógios andam mais depressa no espaço que no solo. O efeito é mínimo, mas já foi confirmado com o uso de relógios de altíssima precisão. Aliás, ele é levado em conta no Sistema de Posicionamento Global (GPS). Se não fosse, o fenômeno levaria motoristas, marinheiros e mísseis teleguiados a cometer erros de quilômetros no caminho para seus destinos.
Na superfície de uma estrela de neutroes a gravidade é tão intensa que o tempo corre cerca de 30% mais lentamente, em relação à Terra. Visto dessa estrela, um fato pareceria acontecer com a velocidade fast-forward de um aparelho de vídeo. O buraco negro apresenta o máximo em termos de distorção do tempo. Na superfície do buraco, o tempo parece estar parado em relação à Terra. Isso significa que se você cair num buraco negro, de uma distância pequena, toda a iternidade passará diante dos seus olhos no curto espaço que atravessará para atingir a superfície. A região no interior do buraco negro está além do extremo do tempo, no que diz respeito ao universo de fora. Se um astronauta conseguisse chegar bem perto de um buraco negro e voltar inteiro - uma possibilidade muito difícil, para não dizer suicida - daria um salto muito além no futuro.
SOLUÇÃO DE GODEL
Até agora venho discutindo a viagem no tempo para a frente, para o futuro. E para trás, para o passado?
Isso é muito mais problemático. Em 1948, Kurt Godel, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, apresentou uma solução para as equações dos campos gravitacionais de Einstein que descrevia um universo em rotação. Num universo desse tipo, um astronauta poderia chegar ao seu passado atravessando o espaço. Isso ocorreria devido à maneira como a gravidade afecta a luz.
A rotação do universo puxaria a luz (e assim as relações causais entre os objectos) consigo, em seu movimento. Um objecto material viajaria no espaço num círculo fechado, que seria também um círculo fechado no tempo. A solução de Godel foi considerada apenas uma curiosidade matemática, pois, em nenhum momento, as observações levaram à conclusão de que o universo gira em torno de si. Mas seu resultado serviu para mostrar que voltar atrás no tempo não é algo proibido pela teoria da relatividade.
VIAGEM PELO BURACO DE MINHOCA
Uma Máquina do Tempo de Buraco de Minhoca em Três Etapas, Nenhuma das Quais Muito Fácil
1 - Encontre ou monte um buraco de minhoca, um túnel que liga dois pontos no espaço. Pode ser que buracos de minhoca de grande porte existam no espaço profundo, herança do Big-Bang. Se não encontrar nenhum, vamos ter que nos contentar com buracos de minhoca subatómicos, ou naturais (de acordo com algumas teorias, eles aparecem e desaparecem rapidamente em nosso redor) ou artificiais (produzidos por aceleradores de partículas). Esses buracos de minhoca pequeninos teriam de ser aumentados até atingir proporções úteis, talvez pelo uso de campos de energia como o que fez o espaço inflar logo depois do Big-Bang.
2 - Estabilize o buraco de minhoca. Uma infusão de energia negativa, produzida por meios quânticos como o chamado efeito Casimir, permitiria a passagem segura de um sinal ou um objecto através do buraco de minhoca. A energia negativa controla a tendência do buraco de minhoca de chegar a um ponto de densidade infinita ou quase infinita. Em resumo, impede que o buraco de minhoca se transforme em buraco negro.
3 - Transporte o buraco de minhoca. Uma aeronave, com tecnologia muito avançada, separaria as aberturas do buraco de minhoca. Uma abertura seria colocada junto à superfície de uma estrela de neutrões, uma estrela de altíssima densidade, com campo gravitacional muito forte.
A gravidade intensa faz com que o tempo corra mais devagar. Como o tempo corre mais depressa na outra abertura, os dois extremos do buraco de minhoca ficam separados não só no espaço, mas também no tempo.
VIAGEM PELO BURACO DE MINHOCA
Há outros cenários capazes de visualizar situações que permitiriam viagens ao passado. Em 1974, por exemplo, Frank Tipler, da Universidade Tulane, calculou que um cilindro maciço, infinitamente comprido, girando em torno do seu eixo em velocidades próximas à da luz, permitiria visões do passado, mais uma vez porque a luz seria puxada em torno do cilindro, formando um círculo. Em 1991, Richard Gott, da Universidade Princeton, sugeriu que as cordas cósmicas - estruturas que de acordo com os cosmólogos foram criadas nos estágios iniciais do Big-Bang - poderiam produzir efeitos semelhantes. O cenário mais próximo da realidade para a existência de uma máquina no tempo surgiu, porém, em meados da década de 80, com base no conceito do buraco de minhoca.Os buracos de minhoca são comuns nos livros de ficção científica, onde aparecem também com o nome de portões espaciais. Trata-se de atalhos entre dois pontos separados no espaço. Se você entrar em um buraco de minhoca, sairá rapidamente no outro lado da galáxia. Os buracos de minhoca estão de acordo com a teoria da relatividade geral, uma vez que a gravidade não distorce só o tempo, mas também o espaço. A teoria permite a existência de análogos a túneis ligando dois pontos no espaço. Os matemáticos chamam esses tipos de espaço de multiplamente conectados. Como um túnel numa montanha pode ser mais curto que a estrada na superfície, um buraco de minhoca pode ser mais curto que um percurso pelo espaço normal.
TRANSFORMANDO O PASSADO
O paradoxo da mãe, formulado às vezes usando outras relações familiares, surge quando uma pessoa ou objecto pode voltar atrás no tempo e alterar o passado. Uma versão mais simples é apresentada com bolas de bilhar. Uma bola de bilhar passa através de uma máquina do tempo de buraco de minhoca. Ao sair da abertura, atinge ela mesma, como era no passado, impedindo, assim, sua entrada no buraco de minhoca. A Mãe de Todos os Paradoxos. A solução do paradoxo vem de um facto simples: a bola de bilhar não pode fazer nada que não esteja de acordo com a lógica ou com as leis da física. Não pode passar pelo buraco de minhoca de uma maneira capaz de impedir a própria passagem pelo buraco de minhoca. Nada impede, porém, que passe pelo buraco de minhoca numa infinidade de outras maneiras.O buraco de minhoca foi usado como recurso de ficção por Carl Sagan em seu romance Contacto, publicado em 1985. Incentivados por Sagan, Kip Thorne e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia se dedicaram ao trabalho de verificar se os buracos de minhoca seriam possíveis pelas leis da física. Partiram da idéia de que o buraco de minhoca lembraria o buraco negro, por ser um objecto com imensa gravidade. Mas, ao contrário do buraco negro, que oferece apenas uma viagem só de ida para o nada, o buraco de minhoca teria saída, além de entrada.
MATÉRIA EXÓTICA
Para que o buraco de minhoca permita a passagem de um objecto, deve conter o que Thorne chamou de matéria exótica. Na prática, trata-se de algo que gere antigravidade, para combater a tendencia natural de um sistema maciço para implodir, transformando-se num buraco negro. A antigravidade, ou repulsão gravitacional, pode ser gerada por energia ou pressão negativas. Sabe-se que existem estados de energia negativa em certos sistemas quanticos. Isso sugere que a matéria exótica de Thorne não é inteiramente afastada pelas leis da física, embora não seja claro se é possível juntar material antigravitacional suficiente para estabilizar um buraco de minhoca. Logo Thorne e seus colegas chegaram à conclusão de que se um buraco de minhoca pode ser criado, pode também ser transformado rapidamente numa máquina do tempo. Para adaptar o buraco de minhoca às viagens pelo tempo, uma de suas aberturas poderia ser rebocada até uma estrela de neutrões e colocada perto da superfície. A gravidade da estrela tornaria o tempo mais lento perto da abertura, fazendo com que uma diferença de tempo entre as duas aberturas fosse aumentando gradualmente. Se as duas aberturas fossem estacionadas, essa diferença de tempo seria mantida.
Vamos supor que a diferença fosse de dez anos. Uma pessoa que passasse pelo buraco de minhoca numa direcção sairia dez anos no futuro. Se passasse na outra direção, sairia dez anos no passado. Se voltasse ao ponto de partida em alta velocidade, através do espaço normal, a segunda pessoa poderia voltar para casa antes mesmo de ter partido. Em outros termos, um círculo fechado no espaço poderia transformar-se num círculo fechado no tempo. A única restrição seria a de que a pessoa não poderia voltar a uma época anterior à construção do buraco de minhoca.
Um problema no caminho da construção de um buraco de minhoca como máquina do tempo é, em primeiro lugar, a criação do próprio buraco de minhoca. É possível que o espaço esteja cheio dessas estruturas, criadas naturalmente como relíquias do Big-Bang. Se for esse o caso, uma supercivilização pode descobrir e tomar conta de uma delas. Outra possibilidade é a de que os buracos de minhoca apareçam em pequenas escalas, o chamado comprimento Planck, cerca de 1020a potência, menores que um núcleo atómico. Um buraco de minhoca desse tamanho pode ser imobilizado por um pulso de energia e, depois, aumentado até chegar a dimensões em que possa ser usado.
CENSURADO
Partindo do princípio de que os problemas de engenharia possam ser superados, a construção de uma máquina do tempo abriria uma caixa de Pandora de paradoxos causais. Vamos imaginar que um viajante do tempo vá ao passado e mata a sua mãe quando ela era ainda menina. Que sentido tirar disso? Se a menina morre, não pode crescer e dar à luz ao viajante. Mas, se o viajante não nasceu, como pode voltar ao passado e matar a mãe? Paradoxos deste tipo só surgem quando o viajante tenta mudar o passado, o que é obviamente impossível. Mas isso não impede que alguém se torne parte do passado. Vamos supor que o viajante volte ao passado para salvar a menina que se tornaria sua mãe de ser assassinada. Este círculo causal é coerente e não representa um paradoxo. A coerência causal pode impor restrições ao que um viajante no tempo pode fazer no passado. Mas não impede as viagens no tempo. Mas, mesmo sem paradoxos, uma viagem no tempo pode ter consequencias estranhas. Vamos imaginar uma pessoa que dê um salto de um ano para o futuro e lê um artigo sobre um novo teorema matemático numa edição futura de SCIENTIFIC AMERICAN. Toma nota dos detalhes, volta ao seu tempo e ensina o teorema a um aluno, que então escreve um artigo sobre o assunto para a revista. Surge a pergunta: de onde veio a informação sobre o teorema? Não foi do viajante, que apenas leu sobre o assunto, e também não foi do aluno, que recebeu a informação do viajante. A informação parece ter surgido do nada. As possíveis consequencias das viagens no tempo levam cientistas a rejeitar em princípio a própria idéia desses deslocamentos. Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, propos uma "conjectura de protecção da cronologia", com mais ou menos esse objectivo. Como a teoria da relatividade permite as viagens ao passado, a proteção da cronologia exigiria a presença de outro factor para impedir sua realização. A resposta pode estar em processos quanticos. Numa máquina do tempo, partículas saltariam para seu próprio passado. Cálculos sugerem que isso criaria distúrbios tão grandes que apareceria uma erupção súbita de energia, capaz de destruir o próprio buraco de minhoca.
Mas a protecção da cronologia continua a ser apenas uma conjectura. Em teoria, as viagens no tempo são possíveis. A solução definitiva do assunto pode ter que esperar a união com sucesso da mecanica quantica com a gravitação, talvez por meio de uma teoria como a teoria das cordas ou sua extensão, a chamada teoria-M. Podemos imaginar que a próxima geração de aceleradores de partículas será capaz de criar buracos de minhoca subatómicos. Eles poderiam sobreviver por tempo suficiente para que partículas próximas executem rápidos círculos causais. Isso estaria muito longe do que Wells imaginou como uma máquina do tempo. Mas já seria suficiente para transformar definitivamente nosso panorama da realidade física.
Resumo
- Viajar no tempo para o futuro é fácil. Se você viajar numa velocidade próxima à da luz ou permanecer num campo gravitacional muito intenso, o tempo vai passar mais devagar para você que para as outras pessoas. Quando voce voltar à situação normal, estará no futuro.
- Viajar para o passado é mais complicado. Pela teoria da relatividade, isso é possível em certas configurações de espaço-tempo: um universo em rotação, um cilindro em rotação e num buraco de minhoca - um túnel que atravessa o espaço e o tempo.
SCIENTIFIC AMERICAN Brasil